ATA DA DÉCIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 29.03.1999.
Aos vinte e nove dias do mês de março do ano de mil
novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio
Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi efetuada a
chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Cláudio
Sebenelo, Clênia Maranhão, Fernando Záchia, Guilherme Barbosa, João Bosco Vaz,
João Carlos Nedel, José Valdir, Juarez Pinheiro, Reginaldo Pujol, Renato
Guimarães, Tereza Franco e Gilberto Batista. Ainda, durante a Sessão,
compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Carlos Alberto Garcia, Cyro
Martini, Décio Schauren, Elói Guimarães, Helena Bonumá, Hélio Corbellini, Isaac
Ainhorn, João Dib, João Motta, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maristela Maffei,
Nereu D'Ávila, Paulo Brum, Pedro Américo Leal e Sonia Saraí. Constatada a
existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos
e determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Décima Quarta Sessão
Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador Nereu
D'Ávila, o Projeto de Lei do Legislativo nº 19/99 (Processos nº 886/99) e 01
Substitutivo ao Projeto de Lei do Legislativo nº 15/99 (Processo nº 813/99). Do
EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 06/99, da Senhora Maria Anunciação Cichero
Sieczkowski, Presidenta do Conselho Municipal de Educação de Porto Alegre;
94/99, do Senhor Heitor José Schuch, Presidente da Federação dos Trabalhadores
na Agricultura no Rio Grande do Sul - FETAG; Impressos: da Escola de
Administração e Treinamento S/C Ltda. - ESAFI, divulgando a programação de
cursos para o mês de abril/99; da Prefeitura Municipal de Porto Alegre e da
Secretaria Municipal de Educação, divulgando o VI Seminário Nacional
"Escola Cidadã - Construindo o Conhecimento". Após, o Senhor
Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Jair Krischke,
Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, que registrou o
transcurso do vigésimo aniversário da entidade que preside, relatando as
atividades realizadas pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos desde sua
fundação, em especial sua presença ativa no processo de redemocratização do
País e de proteção a brasileiros presos no exterior. Também, solicitou a
colaboração da Casa para viabilizar a retirada de placa existente na Praça Argentina,
de homenagem ao ex-Presidente argentino Jorge Rafael Videla. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Vereador Antonio Hohlfeldt, saudando o Senhor Jair Krischke, analisou
a importância do Movimento de Justiça e Direitos Humanos no processo de defesa
da democracia, declarando que as atividades dessa entidade são realizadas de
forma ideologicamente idônea e isenta de partidarismos. O Vereador Lauro
Hagemann teceu considerações acerca da história brasileira nas últimas décadas,
registrando o significado da organização presidida pelo Senhor Jair Krischke
para a redemocratização do País e para o respeito aos direitos mais
fundamentais de cada ser humano. O Vereador Isaac Ainhorn prestou sua homenagem
ao Movimento de Justiça e Direitos Humanos relatando a atuação desse movimento
junto à sociedade brasileira e salientando a abrangência de suas ações em
situações que envolvem a vida e a dignidade humanas. Após, os trabalhos foram
suspensos das quatorze horas e trinta e sete minutos às quatorze horas e
quarenta minutos, nos termos regimentais. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador
João Dib procedeu à leitura de artigo do Economista Anton Karl Biedermann,
publicado ontem no Jornal Zero Hora, intitulado "Diga não ao não",
onde é questionada a atuação do Governo Estadual, principalmente quanto às
relações com o Governo Federal e à ideologia política a ser assumida por um
partido quando à frente do governo do Estado. O Vereador Luiz Braz citou texto
publicado no Jornal Gazeta Mercantil pelo Professor Luiz Carlos da Cunha,
intitulado "As perigosas semelhanças do Orçamento Participativo",
onde é traçado paralelo entre o processo do Orçamento Participativo e as linhas
políticas assumidas pelos governantes soviéticos quando da Revolução Russa, no
início deste século. A seguir, foram apregoados Requerimentos dos Vereadores
Eliseu Sabino e Sônia Santos, solicitando Licença para Tratamento de Saúde, no
dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado empossados na vereança os
Suplentes Jocelin Azambuja, em substituição ao Vereador Eliseu Sabino, e Leão
de Medeiros, em substituição à Vereadora Sônia Santos, informando que Suas
Excelências integrarão as Comissões de Educação, Cultura e Esportes e de Saúde
e Meio Ambiente, respectivamente. Após, o Vereador Guilherme Barbosa, através
de Questão de Ordem, indagou sobre a possibilidade de reunião com o Senhor
Prefeito Municipal, dia oito de abril do corrente, às dezessete horas, para
debate sobre as obras viárias da Avenida Assis Brasil, tendo o Senhor
Presidente informado que a data será analisada em reunião da Mesa Diretora com
o Colégio de Líderes a ser realizada dia trinta e um de março do corrente e
tendo o Vereador Gilberto Batista manifestado-se a respeito. Em PAUTA,
Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo
nº 20/99, discutido pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Cláudio Sebenelo e
Reginaldo Pujol, o Projeto de Resolução nº 09/99; em 2ª Sessão, o Projeto de
Lei do Legislativo nº 09/99, discutido pelo Vereador José Valdir; em 3ª Sessão,
o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 02/99, discutido pelo Vereador
Antônio Losada. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol teceu
críticas à atuação dos guardas municipais de trânsito, relatando multas
sofridas durante o corrente mês e questionando os critérios utilizados pelo
Executivo Municipal para liberação de áreas de estacionamento na Cidade. A
seguir, constatada a existência de "quorum", foi iniciada a ORDEM DO
DIA. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi aprovado o Projeto de Lei do
Legislativo nº 111/97, considerando-se rejeitado o Veto Total a ele aposto, por
dezoito votos SIM, onze votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser discutido pelos
Vereadores Cyro Martini, Antonio Hohlfeldt, Clênia Maranhão, Carlos Alberto
Garcia e João Dib, tendo votado Sim os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Carlos
Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Fernando
Záchia, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, Luiz
Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Tereza Franco, Gilberto
Batista, Jocelin Azambuja e Leão de Medeiros; Não os Vereadores Cyro Martini,
Décio Schauren, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, João Bosco Vaz, João Motta,
Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann, Maristela Maffei, Renato Guimarães e Sonia
Saraí e tendo optado pela Abstenção o Vereador Nereu D'Ávila. Durante a
apreciação deste Projeto, o Vereador João Motta cedeu seu tempo de discussão ao
Vereador Cyro Martini. Também, a Vereadora Tereza Franco formulou Requerimento
verbal, deferido pelo Senhor Presidente, solicitando fosse encaminhada à
Prefeitura Municipal de Salvador/BA mensagem de congratulações da Casa pelo
aniversário dessa Cidade. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi rejeitado o
Projeto de Lei do Legislativo nº 144/97, considerando-se aceito o Veto Total a
ele aposto, por treze votos SIM, dezessete votos NÃO e uma ABSTENÇÃO, após ser
discutido pelos Vereadores Juarez Pinheiro, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Clênia
Maranhão, Antônio Losada, Jocelin Azambuja, Cyro Martini, Helena Bonumá, José
Valdir, Pedro Américo Leal, Elói Guimarães e Isaac Ainhorn e encaminhado à
votação pelos Vereadores Antonio Hohlfeldt e Guilherme Barbosa, tendo votado
SIM os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão,
Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, Luiz Braz, Paulo Brum,
Reginaldo Pujol, Tereza Franco, Gilberto Batista, Jocelin Azambuja e Leão de
Medeiros, Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia,
Cyro Martini, Décio Schauren, Elói Guimarães, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá,
Hélio Corbellini, João Bosco Vaz, João Dib, João Motta, José Valdir, Juarez
Pinheiro, Maristela Maffei, Renato Guimarães e Sonia Saraí e tendo optado pela
Abstenção o Vereador Pedro Américo Leal. Durante a apreciação deste Projeto, os
Vereadores João Dib e João Carlos Nedel cederam seus tempos de discussão aos
Vereadores Elói Guimarães e Isaac Ainhorn, respectivamente. Ainda, o Senhor
Presidente registrou a presença do ex-Vereador Valdir Fraga. A seguir, foi
rejeitada a prorrogação dos trabalhos da presente Sessão, nos termos
regimentais, por sete votos SIM e onze votos NÃO, em votação nominal solicitada
pelo Vereador João Dib, tendo votado Sim os Vereadores Adeli Sell, Clênia
Maranhão, Cyro Martini, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá, João Bosco Vaz e
Juarez Pinheiro e Não os Vereadores Antônio Losada, Carlos Alberto Garcia,
Décio Schauren, Elói Guimarães, João Dib, João Motta, José Valdir, Luiz Braz,
Maristela Maffei, Pedro Américo Leal e Sonia Saraí. Às dezoito horas e seis
minutos, encerrado o prazo regimental da presente Sessão, o Senhor Presidente
declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a
Sessão Ordinária da próxima quarta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram
presididos pelos Vereadores Nereu D'Ávila e Juarez Pinheiro e secretariados
pelos Vereadores Adeli Sell e Helena Bonumá, esta como Secretária "ad
hoc". Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a
presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada por mim
e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Juarez
Pinheiro): Nós queremos saudar o Sr. Jair Krischke, Presidente do Movimento
de Justiça e Direitos Humanos, presente neste Plenário. Nós o convidamos a
fazer parte da Mesa Diretora dos trabalhos.
Passamos
à
TRIBUNA POPULAR
O
Sr. Jair Krischke, representando o Movimento de Justiça e Direitos Humanos,
está com a palavra, pelo tempo regimental de dez minutos.
O SR. JAIR KRISCHKE: Sr. Presidente, Ver. Juarez Pinheiro;
Ver. Paulo Brum; Sras. Vereadoras, Srs. Vereadores. O Movimento de Justiça e
Direitos Humanos cumpriu, no dia 25 de março passado, vinte anos de existência,
como nós gostamos muito de frisar, no plano legal, no plano do direito, porque
o núcleo que formou o Movimento de Justiça e Direitos Humanos, lá em 1979, era
o mesmo núcleo que já agia aqui no Rio Grande do Sul, aqui na nossa Cidade,
desde 64, quando do golpe militar. Agíamos retirando daqui aqueles brasileiros
- políticos, dirigentes sindicais, dirigentes estudantis - que decidiram, um
dia, condenados que foram pelo golpe militar, enfrentá-lo, na busca da
reconquista da democracia. Nós colaboramos retirando do País um número
importante de brasileiros perseguidos pela ditadura.
Mas
quis a vida que, por ser esta uma região infestada por ditaduras militares,
também nos tocasse retirar do Uruguai, da Argentina, do Chile, do Paraguai,
cerca de duas mil pessoas, perseguidas por suas ditaduras, e, num trabalho em
parceria com o alto comissariado das Nações Unidas para refugiados, levá-las
para a Europa em busca de abrigo, de preservação de suas vidas e, muitas e
muitas vezes, de recuperação física e mental, em função das atrocidades de que
haviam sido vítimas. Também muito lutamos nesse trabalho de reconquista da
democracia para o nosso País, lutamos pela liberdade de Flávia Schilling e
Flávio Tavares, presos no Uruguai, lutamos pela liberdade de Flávio Koutzii, preso
na Argentina. Esses companheiros gaúchos e brasileiros, que tiveram que viver
no exílio, puderam, novamente, ao serem libertados, ir à Europa e refazerem-se
da tragédia de que foram vítimas.
Todo
esse trabalho foi possível porque a sede do Movimento de Justiça e Direitos
Humanos é na Cidade de Porto Alegre, que foi a encruzilhada dos Direitos
Humanos no CONESUL da América Latina, e também porque esta Cidade tem uma
postura tradicional em sua história de acolher e promover as lutas libertárias.
Por isso, sentimo-nos muito honrados quando, um dia, esta Casa, por proposta do
Ver. Antonio Hohlfeldt, conferiu a nossa humilde pessoa o título de Cidadão
Emérito desta Cidade, buscando homenagear todo um grupo de homens e mulheres
que lutavam por esses ideais. Essa tem sido a nossa trajetória. E quando digo
que são vinte anos de existência no plano do direito, é porque só pudemos
legalizar a nossa entidade junto ao Cartório de Registros Especiais, por
decisão judicial, por haver recém-terminado o Ato Institucional nº 5, que
vedava esse tipo de atividade no País. Parece que isso faz muito tempo, mas, na
verdade, foi ontem. Essa luta não terminou, ela permanece com outros contornos
importantes.
Nós
temos atuado nesta Cidade, por exemplo, na preservação do meio ambiente. Em
tempo bem recente, tivemos que ajuizar uma ação na Justiça Federal tentando
prevenir um grave prejuízo ecológico para esta Cidade, que seria a construção
da pista de eventos no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. Essa nossa luta é
permanente, essa nossa luta tem se alongado e prolongado também em nível de
Estado, também em nível da região da América Latina. Recentemente, estivemos em
Buenos Aires cumprindo ainda uma tarefa em vista do desaparecimento de dois
cidadãos argentinos em solo brasileiro; essas pessoas também têm a
nacionalidade italiana. Neste momento, o governo italiano, a justiça italiana
quer saber quem foi o responsável por esses desaparecimentos em nosso
território. Nós lá estivemos levando a nossa contribuição e, certamente, nos
próximos dias, estaremos em Roma prestando o nosso testemunho. Essa tem sido a
nossa luta ultimamente.
Os
senhores devem ter conhecimento da brutal execução de um menino de catorze anos
por membros da Brigada Militar. Vendo que o processo e a investigação não evoluía,
porque havia oficiais que obstaculizavam a ação da polícia e a ação da justiça,
nós denunciamos publicamente para que o Senhor Governador tomasse as
providências necessárias e buscasse esclarecer esse crime hediondo e, a partir
desse esclarecimento, punir seus autores, porque é inadmissível que aqueles que
recebem dos cofres públicos para dar segurança e tranqüilidade aos habitantes
deste Estado, utilizem viaturas para, de forma hedionda, perpetrar um brutal
assassinato. As provas técnicas são fartas, e como nós víamos que, de parte do
Governo do Estado, não estava acontecendo aquela agilidade que deveria
acontecer, denunciamos publicamente, fomos ao Governador Olívio Dutra, que
acolheu o nosso pedido.
Assim
tem sido a nossa trajetória: cobramos a observância e a dignidade da pessoa, em
todo e qualquer governo. Durante a ditadura militar, cobramos de todos aqueles
que governaram o Rio Grande do Sul, e cobramos, também, dos governadores
eleitos: Jair Soares, Pedro Simon, Alceu Collares, Antônio Britto e Olívio
Dutra. Se alguém que diz lutar pelos direitos humanos, não cobrar de qualquer
Governo, então haverá um comprometimento insanável, e a luta pelos direitos
humanos estará degringolada. Precisamos, permanentemente, manter essa atitude
questionadora, cobrando do Prefeito Raul Pont por que ainda agora se mantém, na
Praça Argentina, uma placa que presta homenagem ao genocida Jorge Rafael
Videla. Envergonha os porto-alegrenses que em uma praça nossa, que tem o nome
de um País irmão, de um parceiro nosso do MERCOSUL, a Argentina, ainda haja uma
homenagem a alguém repudiado em seu País e que, por se comprometer com crimes
hediondos que envolvem a desaparição de crianças, está preso novamente. Pedimos
que esta colenda Câmara colabore, ajude-nos nesse pleito, porque a Cidade de
Porto Alegre não pode conter uma placa homenageando uma figura tão trágica
deste nosso século e que tanto desgraçou o nosso vizinho país.
Agradeço
mais uma vez a oportunidade de estar aqui com os Senhores e de dizer que muito
nos orgulha viver nesta Cidade que tem uma Casa Legislativa sempre aberta e
amparando todos os pleitos que dizem respeito à democracia e aos direitos
humanos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, em
meu nome, em nome dos nossos companheiros de Bancada, Ver. Cláudio Sebenelo,
Ver. Gilberto Batista que, embora pertencente ao PFL, compõe aqui, conosco,
prezado Jair, esse conjunto da aliança que participou, há alguns anos, de uma
campanha eleitoral; diferentes companheiros, Ver. Fernando Záchia, Ver. Clênia
Maranhão, Ver. João Dib, Ver. Tereza Franco, Ver. Luiz Braz, Ver. Paulo Brum,
Ver. Jocelin Azambuja; queríamos, em primeiro lugar, trazer um abraço por essa
passagem. Acompanhei tua luta e dos companheiros do Movimento naqueles momentos
mais difíceis. Tive orgulho de, em algum momento, poder contribuir para a
divulgação de algumas das principais lutas, que foi a tua denúncia em torno do
seqüestro de Universindo e Lilian, quando conseguimos publicar aquele livro,
junto com o Omar Ferri, através da Mercado Aberto, do nosso amigo Roque Jacob,
num momento em que se tinha medo de assumir posições. Para mim, que em última
análise, tive o orgulho e a honra de propor a esta Casa e ver aprovado, aqui, o
Título de Cidadão de Porto Alegre a Jair Krischke, não poderia, de maneira
nenhuma, deixar de me manifestar nesta data, do 20º ano dessa entidade.
Sobretudo, Jair, indo até muito além daquilo que tem sido o fantástico trabalho
do Movimento, que lá, no período de ditadura, foi fundamental exatamente para
trazer à luz da opinião pública crimes que se cometeram, que não podiam ficar
acobertados, mas que depois desse período mais difícil da nossa história, como
dizia o Ver. Cláudio Sebenelo há pouco quando conversávamos, tem sido a luta
constante para estender a defesa dos direitos humanos ao nosso cotidiano, nas
cadeias, naqueles dados mínimos da relação entre a força policial e o cidadão,
em que, obviamente, temos que ter ordem, mas também não podemos ter a desordem
do abuso da instituição policial, mas sobretudo, Jair, se me permites,
valorizar, aqui, o Movimento de Justiça e Direitos Humanos, que em nenhum
momento se permitiu a partidarização.
O
Jair e seus companheiros têm dado essa lição fantástica, porque se olharmos
para décadas atrás, temos visto que muitos dos movimentos de cidadania, dos
movimentos populares acabaram-se deixando cooptar por partidos, e hoje viraram
movimentos de partidos, extensões de partidos, são manipulados por partidos. O
Movimento, ao contrário, tem mantido claramente a sua identidade, tem mantido
claramente os seus posicionamentos e tem denunciado a uns e a outros, na medida
das necessidades, não se preocupando se isso vai, frontalmente, às vezes, até
com amigos, até com conhecidos, até com gente a quem, ideologicamente, se pode
apoiar. Um dos exemplos é essa luta que o Jair mencionava no final da sua
oração, a questão da placa de homenagem a um ditador da Argentina, que
permanece em uma das praças de nossa Cidade de Porto Alegre.
Muitas
vezes, certamente, o Jair Krischke colocou em risco a sua integridade pessoal
e, muitas vezes, colocou em risco, também, a segurança da sua própria família.
Muitas vezes, em períodos mais difíceis, quando precisamos conversar com o
Jair, ter algum informe, articular alguma ação de apoio, tivemos que fazer
circunlóquios longos para chegar até ele, por uma questão de segurança. Mas, ao
longo de 20 anos, este Movimento de Direitos Humanos, representado pelo Jair
Krischke, tem tido parceria nesta Casa, é bom lembrar, porque no episódio, por
exemplo, do chamado “sambódromo”, quando se pretendia, inclusive, atropelar um
processo legislativo, o Jair não teve dúvidas em também fazer uma denúncia
pública, de levar ao Ministério Público aquilo que era necessário ser
denunciado e levado ao conhecimento de autoridades do Judiciário.
É
esta coerência e esta continuidade de um respeito que, antes de tudo, é por
todos, a começar por eles próprios e por todos nós, que eu queria, em meu nome
particular e em nome dos meus companheiros de Bancada e de todos os Vereadores
que mencionei, expressar que é um orgulho nós podermos festejar os 20 anos do
Movimento aqui na Casa do Povo de Porto Alegre. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D'Ávila): O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra,
pelo PPS, em Comunicação de Líder.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a
presença de Jair Krischke, hoje, na Tribuna Popular, enobrece esta Casa e nos
dá a sensação de que estamos todos trabalhando em favor de uma melhoria das
condições humanas, não só de Porto Alegre, mas de toda esta região e, por
extensão, do mundo todo.
Eu
falo em nome do meu Partido, o PPS; mas, também falo no nome de milhares de
criaturas que, não podendo estar aqui, hoje, foram alcançadas pelo manto
protetor do Movimento de Direito e Justiça, porque, se não fora esta
Organização Não-Governamental, muitos crimes ter-se-iam praticado, perpetrado,
sem que alguém tivesse notícias deles. E foi através do Movimento de Justiça e
Direitos Humanos que muitas coisas foram contidas. Houve episódios em que o
resultado foi nefasto para as criaturas que sofreram a ação dos deletérios. Mas,
em muitos casos, a simples existência dessa organização freou os ímpetos
assassinos, revanchistas - seja de que natureza for - que agrediam a cidadania.
Nós lutamos, e a organização do Jair lutou, num período em que o estado de
direito não prevalecia neste País, em que as leis eram interpretadas por quem
tinha interesse em desviá-las para qualquer lado.
Hoje,
estamos sob a égide do estado de direito, as garantias individuais são mais ou
menos garantidas, e principalmente num momento em que o Poder Judiciário é
atacado violentamente, não pelos excessos, desmandos, nepotismo, que sabemos, e
todos sabem que existem, mas que não é pelo caminho que se pretende enveredar
que se vai corrigindo; vai tornar a vida dos cidadãos muito perigosa. Falo em
nome, digo e repito, de milhares de cidadãos e também, e principalmente, em
nome de velhos companheiros que, pertencendo a um partido proscrito, tiveram
sobre si a ação violenta dos detentores do poder de então. E o Movimento de
Justiça e Direitos Humanos, que o Jair preside, em muitos casos atuou
decisivamente para que muitos desses companheiros pudessem chegar ao outro lado
do rio com a vida a salvo. Ainda temos um longo caminho a percorrer, mas é
essencial que se preservem esses vinte anos do Movimento de Justiça e Direitos
Humanos, que se enalteça a presença dessa organização não-governamental entre
nós para que a cidadania seja construída sobre essa nova base de respeito ao
cidadão, de respeito ao ser humano, de respeito à vida, que cada um pense do
jeito que quiser, mas que não se abata sobre aqueles que pensam diferentemente
dos que detenham o poder, caiam sobre a guante dos poderosos. Isso é que o
Movimento de Justiça e Direitos Humanos vem pregando, vem praticando à custa de
muitos esforços e sacrifícios pessoais. Felizmente, esta Casa tem a acuidade de
preservar esta memória e enaltecê-la, e tenho o prazer de falar, por aceno, em
nome de todo esse bloco que constitui o poder popular, hoje, nesta Cidade e
neste Estado.
Parabéns
ao Movimento de Justiça e Direitos Humanos, e que esses vinte anos sirvam
apenas de trampolim para que prossigamos na luta desses direitos fundamentais
do ser humano. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra,
pelo PDT, em Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr. Jair
Krischke, Presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos. O Movimento de
Justiça e Direitos Humanos comemorou na última quinta-feira, dia vinte e cinco
de março, oficialmente, vinte anos de luta pela cidadania. A sua fundação
coincide com a luta pelo esclarecimento do seqüestro de Lilian Celiberti e
Universindo Dias, caso conhecido como “O Seqüestro dos Uruguaios”. Caso único
no CONESUL, em que ficou comprovada a operação desencadeada pela polícia de
dois países e em que houve a condenação de policiais envolvidos.
Nos
seus vinte anos de atuação, o Movimento de Justiça e Direitos Humanos retirou
para fora dos seus respectivos países no CONESUL aproximadamente 2000
perseguidos políticos.
Sua
atuação tem-se destacado, desde a criação da Comissão de Direitos Humanos da
Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, até a atuação nas
eleições na República Dominicana a convite da Organização das Nações Unidas,
para recadastramento e fiscalização do processo eleitoral em 1995. O seu
Presidente Jair Krischke foi distinguido, em 1997, com uma comenda pela
Organização Sherit-Hapleitá, com sede em Israel pela luta do Movimento de
Justiça e Direitos Humanos contra a publicação mentirosa, e francamente
nazista, de livros que subvertiam a verdade histórica do holocausto, do
holocausto judeu na 2ª Guerra Mundial, da Editora Revisão de propriedade do Sr.
Sigfried Ellwanguer.
O
Movimento de Justiça e Direitos Humanos inspirou ainda a Lei criada em 1998
pela Câmara Municipal de Porto Alegre, de iniciativa do Ver. Pedro Ruas, que
criou o Dia em Memória das Vítimas e Mártires do Holocausto a ser celebrado
sempre no dia 08 de maio.
Sua
atuação destaca-se em inúmeros aspectos que dizem respeito à vida do cotidiano
na nossa Cidade, sobretudo de respeito e preservação das garantias fundamentais
de todos os cidadãos. É uma instituição que granjeou a respeitabilidade de toda
a cidadania e da sociedade rio-grandense, pelo perfil e pela seriedade da sua
atuação.
Por
esta razão, ilustre Presidente Jair Krischke, nesta oportunidade, nós do PDT,
nós trabalhistas, em nome da nossa Bancada, em meu nome, do Presidente desta
Casa, membro do nosso Partido, Ver. Nereu D’Ávila, do Ver. Elói Guimarães e do
Ver. João Bosco Vaz, nós queremos expressar a nossa manifestação de
reconhecimento. Sabemos das ligações do hoje Secretário de Obras Ver. Pedro
Ruas com o Movimento de Justiça e Direitos Humanos, sendo um dos seus
significativos e representativos Conselheiros. E saiba V. Sa. que esta Casa, na
sua atuação, terá sempre acolhida plena. Até porque, também nesta Casa, a
exemplo da Assembléia Legislativa, há três anos criamos aqui a Comissão
Permanente de Direitos Humanos. E nesse período, também, temos conseguido
abrigar uma série de reivindicações e reclamações e ser o escoadouro e proteção
de dezenas de pessoas, e por que não dizer de centenas de pessoas, que procuram
esta Comissão Permanente para manifestar as suas desconformidades e o registro
das violações que sofrem no cotidiano em relação aos direitos humanos. Mas,
diferentemente dessas ações públicas de parte da Assembléia Legislativa e da
Câmara Municipal de Porto Alegre, esse Movimento, de forma singular, mantém a
sua autonomia e como expressão maior da sociedade civil. É, indiscutivelmente,
o Movimento de Justiça e Direitos Humanos uma expressão da cidadania
rio-grandense.
Por
essa razão, o orgulho e a satisfação, em nome da nossa Bancada, de fazer o
registro dos 20 anos desta Entidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não havendo mais Bancadas que queiram se
manifestar, nós, também, em nome da Câmara Municipal, uma vez que somos amigos
pessoal do nobre Sr. Jair Krischke e muito nos orgulhamos disso, sempre admirando
o seu trabalho nesses 20 anos, podemos também, em nome da Casa, certamente,
saudar esses 20 anos de luta ininterrupta e ressaltar que apesar de ter se
exaurido o regime autoritário, apesar de termos uma Constituição chamada
Cidadã, a Constituição de 1988, os Direitos Humanos continuam aqui no Brasil,
no mundo e quiçá, aqui diante dos nossos olhos também, ainda violados. Por isso
é uma Entidade que está a postos e continuará prestando serviços como até agora
o fez. Sr. Jair Krischke, leve desta Casa a nossa mais respeitosa saudação e
estímulo para continuar defendendo a Justiça e os Direitos Humanos.
Estão
suspensos os trabalhos.
(Suspende-se
os trabalhos às 14h37min.)
O SR. PRESIDENTE (às 14h40min): Estão reabertos os trabalhos.
O
Ver. João Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder pelo PPB.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há
documentos que precisam ser transcritos nos Anais desta Casa. Desejo, em nome
da minha Bancada, integrada pelos Vereadores Pedro Américo Leal e João Carlos
Nedel, que os Anais da Casa sejam contemplados com o artigo assinado pelo
ilustre economista Anton Karl Biedermann, “Diga Não ao Não”.
(Lê.):
“Pouco tempo antes das eleições, tracei algumas linhas alertando para o risco
de que mergulhássemos em um mundo institucional deletério. Deletério, sim,
porque baseado no totalitarismo e ornado com tons de primitivismo agudo quanto
a métodos de administração.
Isto
tudo tocado por muitos indivíduos cuja trajetória profissional, em regra, não
os habilitaria sequer para funções de gerência média em qualquer empresa.
Ainda
assim, logo após o encerramento das eleições, por respeito à democracia e ao
Estado de Direito, reconheci a legitimidade do governo eleito e, ouvido pelas
emissoras de rádio e televisão, procurei realçar um tom de quem olha para a
frente, ao dizer textualmente o seguinte: ‘Metade do Rio Grande do Sul acha que
estamos entrando no paraíso, outra metade, que chegamos ao inferno. Na verdade,
parece-me que, passado o embate eleitoral, o bom senso voltará a predominar e
os homens públicos recém-eleitos saberão conduzir o nosso Estado com equilíbrio
e bom senso.’
Pois
eu estava errado.
O
clima de ódio só tem aumentado. É visível a preocupação excessiva em
desconstituir tudo o que antecede ao atual governo. Deliberadamente, demarca-se
o isolamento do Rio Grande, do Brasil e do mundo, numa tentativa sistemática de
incitamento da população a aderir a uma mentalidade que só mantém paralelo com
aquela que criou o Estado soviético de 1917 e com a China de Mao Tsé-tung.
Mas
as semelhanças com os totalitarismos que infelicitaram a humanidade não param
aí. Os métodos e jargões utilizados são parecidíssimos e o marketing é a cópia
fiel daquele que Goebbels usou com tanto sucesso na Alemanha de Hitler. Uma
mentira repetida mil vezes transforma-se na mais definitiva das verdades...
Invocando
um conceito próprio e exclusivo do que seja “socialmente justo”, o governo se
opõe a leis e contratos perfeitamente homologados por quem de direito.
Primeiramente com a União federal e, agora, com empresas de porte mundial que
confiavam ser o nosso Estado um paradigma de pessoas cumpridoras da palavra
empenhada.
Hoje,
o nosso Estado passa a ser olhado com desconfiança pelo resto do Brasil e pelo
mundo inteiro.
Que
destino nos espera se a sociedade não reagir? Será que imaginam transformar
nosso Estado em uma comuna de subsistência, com todos sendo constrangidos a
plantar seus pés de milho, e criar suas galinhas...? Evidentemente, tudo
“democraticamente” guarnecido por uma “brigada” vermelha com estrela
(compulsória) no peito.
Pobre
de nossa juventude se isso acontecer. Triste futuro a aguarda.
Compete
a nós, homens e mulheres deste Estado, dizer um não ao não, fazendo o governo
ver que foi eleito para governar para todos os cidadãos e não exclusivamente
para seus militantes.
Temos
apenas três meses do novo governo. Devemos tomar posição enquanto é tempo. Com
altivez e firmeza, mostrando aos que eventualmente governam nosso Estado que
temos leis, instituições e personalidades que representam o desenvolvimento e o
progresso de nossa terra.
Certamente
deve haver setores do PT que almejam este mesmo objetivo. Gente coadunada com a
verdadeira democracia e com a evolução do mundo moderno, sem prejuízo de sua
ideologia. Onde estarão? Quaisquer que sejam os desfechos de tantos
antagonismos propostos pelo governo estadual, cabe-nos estar alertas, militando
no fórum em que pudermos para mostrar, legitimamente, que o atraso não
vencerá.”
Este
editorial foi publicado na “Zero Hora” do dia 25, e ao lê-lo eu ressaltava um
parágrafo, isto tudo tocado por muitos indivíduos, cuja trajetória
profissional, em regra, não os habilitaria sequer para funções de gerência
média em qualquer empresa.
Na
semana que passou, o Secretário de Estado foi a um programa de televisão para
um debate, e quando lá chegou encontrou a figura ilustre de Nelson Proença, e
disse que não debateria com seu antecessor e se retirou. Alias, nós aqui na
Câmara, conhecemos bem o Secretário Zeca Moraes, é um homem de diálogo permanente,
não dá para entender o que ele diz, não dá para entender os seus
posicionamentos, e se fosse pela sua única vontade o Mercado Público estaria
fechado.
Nós
fizemos aqui um movimento grande, tivemos dificuldade de contato com S. Exa. e
agora esta figura ímpar, que, tenho absoluta convicção, sequer serviria para a
função de gerente, média, em qualquer empresa, hoje dita normas para o Brasil e
para o mundo.
Eu
fico Sr. Presidente, profundamente preocupado e a minha Bancada também, e creio
que muitos outros Vereadores raciocinam da mesma forma, com os destinos da
nossa querida terra, o Rio Grande. Mas se todos nós somarmos, nós diremos não
ao não. Saúde e paz.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra em
Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Nereu D’Ávila, Presidente desta
Casa, Srs. Vereadores, Sras. Vereadoras, Senhoras, Senhores; no uso do tempo de
Liderança do PTB, gostaria de citar e reproduzir partes do texto, publicado na
“Gazeta Mercantil Rio Grande do Sul”, de autoria do arquiteto e professor Dr.
Luiz Carlos da Cunha, na coluna de opinião, tendo como título: “As Perigosas
Semelhanças do Orçamento Participativo”, que entendo ser de grande importância
para a reflexão dessa Casa e, principalmente, para a Bancada de V. Exa. Ver.
José Valdir. Diz o Professor: “ ‘A história repete-se: primeiro como tragédia,
depois como farsa.’ (Karl Marx, Dezoito Brumário de Luís Bonaparte.)
O
chamado Orçamento Participativo, que se promoveu da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre ao Governo Estadual, sob a batuta de Olívio Dutra, foi instrumento
eleitoral vitorioso. Não há como negá-lo. Entretanto, identifica-se no processo
agora oficializado pelo Governador através da remuneração oficial de seus
dirigentes, preocupantes semelhanças com um passado de experiência trágica: a
falecida União Soviética.
Lenin
criou o quadro de revolucionários profissionais remunerados. Eram funcionários
do Partido. Aqui, o Estado instituiu o quadro de orçamentistas participativos
do erário público.
Nos
estertores do Governo Kerenski da Rússia de 19l7, o Partido Bolchevique criou
uma assembléia paralela a DUMA (Parlamento Russo). Chamava-se Soviete (sigla
composta pelas iniciais das palavras russas operários, soldados e
camponeses)...”
E
vai além o Professor.
“Em
um país de camponeses analfabetos, a Rússia, a DUMA resumia o melhor possível
do contraditório real da sociedade russa, vértice dos tributos sociais da
época, esforço da diversidade política reinante. Um arremedo e um germe da
representatividade parlamentar para a qual evoluíram as nações industriais e
cultas. Os Sovietes foram uma invenção do Partido Bolchevique, uma forma
extralegal e informal sob o mando sectário de uma organização com fins
exclusivistas: tomar o poder para si. O poder absoluto...”
Gostaria
de fazer um breve comentário para seguir mais adiante, isso é praticamente a
essência do pensamento do PT, um Partido que vê a sociedade dividida em duas
classes: os explorados e os exploradores. Assim pensando, crê o PT que é possível
ter um parlamento só seu, obediente, cativo, pois afinal, em nome dos
explorados podem tudo. Inclusive um fórum privado, no caso, o Orçamento
Participativo.
“Como
lançamento da consigna ‘Todo o poder aos Sovietes’.” Diz o Professor: “Isto é
liquidar o incipiente parlamento, o esboço de um futuro democrático...” e mais
adiante: “Claro, um parlamento capenga, é verdade, contraditório e heterogêneo
como até hoje, todos os parlamentos e a própria sociedade que os elegeu....
Passados 82 anos do golpe do Partido Bolchevique, assistimos, nesta planície da
América do Sul, a caricata repetição do Sovietes. O chamado Orçamento
Participativo prima pela informalidade legal e proposital. Apenas militantes
jungidos a uma corrente discriminada e discriminatória assumem naquela
assembléia casual, tumultuária e inconstante, o papel da representatividade
constitucional do regime democrático. Igual ao Soviet, golpeia a ordem
parlamentar. A convicção ideológica de ‘inimigos de classe’ impede seus
patrocinadores de conviverem com a discordância, explicitamente a palavra de
ordem “todo o poder ao Orçamento Participativo” foi lançada. A saudação
padronizada e imposta aos funcionários atendentes - ‘Governo Democrático e
Popular’ - corrobora com o desiderato e identifica o movimento coordenado.”
Seguindo
em sua brilhante crítica, vai além o eminente professor.
“Nos
primórdios municipais do Orçamento Participativo estava exposto um cartaz na
Praça XV: ‘Esta obra foi decisão de 3228 participantes do Orçamento
Participativo’. Batizaram-na Rua das Flores. Era tão ruim que desapareceu em
meses, entulhada de bugigangas e lixo. Quem seriam estes orçamentistas
anônimos? Que qualificativos ostentavam para tripudiar sobre a instituição
parlamentar custeada para tal fim por eleitores e contribuintes? Que
legitimidade lhe concedia o direito de decidir sobre assunto para o qual existe
foro institucional? Quem seria responsabilizado pelo fracasso de decisões
erradas?
O
mesmo processo de carrear multidões condicionadas para discutir até o cansaço
matéria exigente de conhecimento técnico, humanístico e histórico como o Plano
Diretor da Capital, se nada produziu de útil no que devia, mereceu destaque
transformado em núcleo de agitação e propaganda.”
E
concluindo, sentencia o professor: “Se, porventura, viermos a nos transformar
em ‘Democracia Popular’, há o consolo da história. As primeiras se tornaram
realmente democráticas e populares quando desapareceram.”
Gostaria
de concluir instando nossos colegas do PT a não se curvarem ante ao maniqueísmo
oportunista e refletirem sobre esta brilhante contribuição do professor Luiz
Carlos Cunha. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Eliseu Sabino e a Vera. Sônia
Santos solicitam licença para tratamento de saúde no dia de hoje.
(Obs.:
Foram aprovados os Requerimentos de licença dos Vereadores Eliseu Sabino e
Sônia Santos e dada posse aos Suplentes, conforme consta da Ata.)
O SR. GUILHERME BARBOSA (Questão de
Ordem): Sr. Presidente,
o Sr. Prefeito, sobre as obras da Av. Assis Brasil, consulta se a Comissão que
o procurou, em outra ocasião, poder-se-ia reunir com ele no dia 08 de abril,
quinta-feira, às 17h. O Sr. Prefeito tem uma posição a passar aos Vereadores.
O SR. PRESIDENTE: Como foi uma Comissão formada por
Lideranças, levadas pelo Presidente da Casa, numa reunião que faremos na
quarta-feira, para tratar de outros assuntos, farei a consulta para saber se
essa data serve ao conjunto dos Líderes e, posteriormente, confirmaremos a V.
Exa., Ver. Guilherme Barbosa.
Registramos,
e os jornais publicam hoje, a liberação de uma das pistas da Av. Assis Brasil,
sentido bairro/centro, o que foi uma das reivindicações dos Srs. Vereadores.
Com isso, a minha primeira impressão foi de que duas coisas ocorreram:
primeiro, evidentemente, o esforço de toda Casa, como Instituição, acorrendo ao
Executivo e lá formulando alternativas para a aflitiva situação da Av. Assis
Brasil.
O
Sr. Vice-Prefeito, que nos recebeu, ficou de comunicar ao Sr. Prefeito e,
oficialmente, como V. Exa. relata, S. Exa., agora, quer um novo contato.
Mas,
independentemente disso, pensamos que a Prefeitura, nesta providência, foi
sensível ao apelo dos Srs. Vereadores, dos Líderes desta Casa e de outras
Lideranças que lá estiveram, inclusive este Presidente.
Pelo
menos, numa primeira visão, há uma primeira providência na questão aflitiva da
Av. Assis Brasil.
O SR. GILBERTO BATISTA (Esclarecimento): Sr. Presidente, eu participei daquela
reunião com o Prefeito em exercício, José Fortunati, e como o PT deu esta data,
peço desculpas, pois me precipitei em dizer que, por parte do PFL, este
Vereador que está cuidando junto com a Comissão desse assunto, não teria nenhum
impedimento.
Mas
como V. Exa. fará uma reunião na quarta-feira, peço desculpas.
O SR. PRESIDENTE: Até porque os Srs. Líderes também,
naturalmente, diante da manifestação do Líder do PT, verificarão as suas
agendas, para verificarem a possibilidade de comparecimento. Não farei
consultas neste momento pois creio não ser cabível.
Diante
disso, agradeço a manifestação de V. Exa.
Passamos
ao período
PAUTA
1ª SESSÃO
PROC.
0903/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 020/99, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, que
dispõe sobre a instalação de Estações de Rádio-Base (ERB) de Telefonia Celular
e dá outras providências.
PROC.
0815/99 - PROJETO DE RESOLUÇÃO Nº 009/99, de autoria do Ver. João Dib, que concede ao Senhor Lorenzo
Zamprogna Zaluski o título honorífico de Esportista Exemplar.
2ª SESSÃO
PROC.
0670/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 009/99, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que
determina a colocação, ao Executivo Municipal, de placa comemorativa com a
íntegra da Carta-Testamento de Getúlio Vargas na entrada de todas as escolas
municipais.
3ª SESSÃO
PROC.
0793/99 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 002/99, de autoria da Vera. Helena Bonumá, que
altera os capítulos II, III e IV da Lei Complementar nº 325, de 07 de julho de
1994, que institui a Política Municipal dos Direitos da Cidadania, contra as
Discriminações e Violência, cria Conselho e dá outras providências.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Juarez Pinheiro está com a
palavra, para discutir a Pauta.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sras. Vereadoras, Srs.
Vereadores, estimados visitantes desta tarde, especialmente os moradores do
Menino Deus - da Rua Pedro Bitencourt e adjacências - e os moradores das Ruas
Peri Melo e Campos Velho, no Bairro Nonoai,
que hoje comparecem nesta Casa para, junto com este Vereador, com a Vera.
Clênia Maranhão e outros Vereadores que se estão interessando pela matéria,
tratar de tema da maior importância para esta Cidade. Trata-se da instalação,
em Porto Alegre, da estações de radiobase e telefonia celular.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador Juarez Pinheiro, V. Exa. sabe que eu sou contrário à
proliferação de leis, mas, desta vez, estou ao lado de V. Exa. e quero que esse
assunto seja amplamente debatido para que nós possamos chegar a aprovar esse
Projeto de Lei.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Obrigado, Ver. João Dib. O debate que
hoje iniciamos, estando o Projeto em primeiro dia de Pauta, é um debate que vem
tratar da questão da segurança, da saúde dos nossos munícipes, que vem tratar
da beleza da Cidade, prejudicada por esse verdadeiro paliteiro que virou Porto
Alegre.
Eu
vou-me permitir ler os dois parágrafos da introdução do Projeto para, depois,
dizer qual o seu objetivo, e de que forma pensamos regrar, junto com V. Exas,.
matéria tão importante. “Os benefícios do incrível desenvolvimento científico e
tecnológico por que passa a humanidade, lamentavelmente não têm sido, em muitas
situações, repassados para a maior parte da população mundial. Ao contrário, em
alguns casos, as novas tecnologias, em face da má utilização, têm servido para
colocar em risco a sobrevivência física da própria humanidade, em face do
comprometimento da biosfera. Na busca do lucro imediato, produtos nocivos são
jogados ao mercado sem controle, gerando, entre outras mazelas, a destruição da
camada de ozônio e o aquecimento progressivo da atmosfera.
O
monopólio das grandes potências sobre a tecnologia, aliado ao controle dos
sistemas financeiros em escala mundial, cria uma barreira sem precedentes entre
as nações ricas e pobres.
A
indústria da telecomunicação é um dos ícones dessa verdadeira explosão tecnológica.
Também quanto aos lucros das poucas empresas transnacionais que dominam o
setor, mercê do poderio econômico e político que possuem, essas empresas,
auxiliadas por organismos internacionais, defensores dos princípios da ‘livre
circulação de capitais e mercadorias’ e da ‘abertura do mercado’, apossam-se
das empresas e mercados dos países periféricos e, de imediato, impõem suas
regras, que têm como objetivo unicamente a busca do lucro. Porto Alegre e o Rio
Grande do Sul, por óbvio, não poderiam ficar imunes à sanha dessas grandes
empresas. Desde o mês de janeiro do corrente ano, a Cidade está a assistir uma
guerra mercadológica impressionante, que envolve as duas grandes empresas, o
objetivo alvo são os quase dois milhões de usuários de telefones celulares que
o Estado vai ter em 2001.
Estudo
publicado no “New England of Medicine” em julho de 1997 demonstra que a
incidência de leucemia em crianças dobrou, aumentou em 20% em adultos em função
das radiações, devido às instalações de estações de radiobase.
O
perigo da radiação eletromagnética depende da potência com que é emitida, da
exposição ao campo eletromagnético e a distância da fonte.”
Srs.
Vereadores, Porto Alegre junto com Campinas e Maringá, no Paraná, são cidades
pioneiras na elaboração de legislação que trata de questão tão importante para
a saúde dos cidadãos destas Cidades.
Sou
um Vereador que tenho me postado de forma firme na defesa do Projeto do
Governo. Nesse caso, a nossa proposta visa dar a hierarquia de leis que merece
esta matéria, trazer o debate para esta Casa, porque há um clamor público nesta
Cidade, de que não é mais possível que essas duas grandes empresas
transnacionais que aqui chegaram e começaram a instalar estas estações de
radiobase sem que houvesse, sequer, um projeto na SMOV. Quando a SMOV embargava
a obra, iam aos sábados e domingos, nos feriados continuar uma obra embargada,
desrespeitando a municipalidade, a autoridade municipal, principalmente a
cidadania.
A
nossa proposta, além de absorver o já disposto no decreto, determina que as
antenas tenham, também, no que tange às residências, que ficar no mínimo a
trinta metros de distância.
Os
estudos estão aí a demonstrar, que a incidência de doenças seja, pelo aumento
do calor corporal, seja por absorção da energia eletromagnética, tem gerado
mazelas insanáveis na vida das pessoas em todo o mundo. E essas duas grandes
empresas têm que saber que, aqui em Porto Alegre, não vamos permitir que isso
continue acontecendo.
Esta
Casa tem oportunidade ímpar, a partir de hoje, de dispor sobre a matéria. Além
disso, estabelecemos que é verdade, Ver. Antonio Hohlfeldt, V. Exa. que trata
da matéria, o estabelecimento dessas torres em áreas públicas. O Município
precisa adotar as regras européias e não a americana que é absolutamente mais
permissível no que tange ao nível de radiações eletromagnéticas. O debate
inicia hoje, e tenho certeza de que a Comissão de Saúde e, possivelmente, a
Comissão de Constituição e Justiça se envolvam nesse debate, que é da maior
importância para a Cidade. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cláudio Sebenelo está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é
extremamente oportuno e competente o Projeto que figura no primeiro dia de
Pauta, de autoria do Ver. Juarez Pinheiro, sobre a existência de alguma coisa
que nós ainda desconhecemos em relação à nova tecnologia.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Cláudio Sebenelo, nada nos assusta mais do que o
desconhecido. Nós temos grandes dúvidas sobre as torres implantadas, e é
preciso que se esclareça isso. Acho que a Comissão de Saúde seja o local mais
adequado para, depois, no outro Plenário, recebermos uma troca de idéias.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Eu queria dizer que, em ciência, dominar
uma tecnologia é conhecer, manipular desde a origem, transformar em uso e
reverter todo o processo, se necessário, seja ele físico, químico ou
radioativo, até a sua origem, readquirindo a forma original. Isso, em ciência,
chama-se dominar uma tecnologia. Ora, o ser humano domina muito poucas
tecnologias. Nós não dominamos a radiação atômica, nós não dominamos, sequer, a
eletricidade, o eletromagnetismo, as catástrofes causadas por fogo, por água e
deslocamento de ar, as explosões, os nossos mais iniciais e prosaicos
telefones, telefones celulares, que nós usamos sem ter conhecimento dos seus
efeitos. E se diz de um lado, e se acha de outro, alguns doutos falam sobre a
matéria, o problema da telefonia, mas o Ver. Juarez Pinheiro levanta com muito
oportunismo o assunto, no melhor sentido da palavra. Nós temos hoje uma série
de desgraças causadas à sociedade por não dominarmos a tecnologia. E eu lembro
de alguns exemplos na química-física, como a talidomida, que nós não
conhecíamos amplamente as causas e quando se descobriu, já no uso, já no
consumo, tivemos que amargar com pessoas totalmente lesadas no seu patrimônio
físico por deformidades irreversíveis. Esse é um Projeto absolutamente
preventivo e oportuno.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Agradeço a sua intervenção. E, Vereador, também, é no sentido de
que os imóveis dessas pessoas ficam absolutamente depreciados, porque não é
feito nenhum seguro contra terceiros. E essas pessoas , como V. Exa colocou, no
sentido da saúde, os estudos ainda são muito controvertidos e por isso, Ver.
Cláudio Sebenelo, é que temos que adotar o regramento mais rígido possível para
que não aconteça o que V. Exa ressaltou na sua intervenção.
O Sr. Jocelin Azambuja: V. Exa permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Cláudio Sebenelo, eu acho que é importante que estejamos
discutindo essa matéria, é claro que o Executivo Municipal deveria ter, através
da Secretaria da Saúde, aprofundado bem mais essa discussão, há muito mais
tempo, mas o Poder Legislativo cumpre a sua função no momento em que vem
discutir esta questão. Nós, inclusive, recentemente, encaminhamos um Pedido de
Informações ao Governo Municipal para saber quais os embasamentos
técnico-científicos até hoje realizados pela Secretaria da Saúde para saber a
respeito da matéria. É oportuna a matéria, V. Exa. também discute bem quando
diz que temos que construir alguma coisa que realmente nos dê embasamento
técnico-científico. Muito obrigado.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Muito obrigado, Ver. Jocelin Azambuja.
Eu queria apenas esclarecer ao Ver. Juarez Pinheiro que o trabalho do “New England of Medicine” se refere às moradias ao longo de locais que têm fios de
alta tensão e por onde passa grande parte de eletricidade como, por exemplo, na
Av. Ipiranga, que sai de uma central elétrica, onde passam fios de altíssima
tensão e que precisam de postes especiais. Na Inglaterra, existe um trabalho de
observação tentando correlacionar a presença de fios de alta tensão com grande
potencial eletromagnético, no mesmo trajeto, aumentando a incidência de uma
série de cânceres, de todas as localizações, mas especialmente a leucemia. Isso
é realmente extremamente preocupante, acho que estamos lidando com alguma coisa
desconhecida.
Proponho
à Comissão de Saúde uma reunião, onde comparecessem técnicos especializados da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul e outras especialidades, não só da
área da saúde, mas da área de eletromagnetismo, da eletricidade, da eletrônica,
que viessem para essa Comissão a fim de resolver e debater uma situação que já
está, sem ser alarmista ou querer causar qualquer tipo de pânico à população,
preocupando toda a população que usa essa tecnologia que, por um lado, é
magnifica e nos traz conforto, mas, por outro, se não tivermos o domínio mais
amplo da tecnologia, nos traz uma imensa preocupação. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é
evidente que a discussão hoje se centra em torno do Projeto do Ver. Juarez
Pinheiro, cujo teor tive oportunidade de conhecer quando ele protocolou esse
Projeto de Lei na Casa, e, até de certa forma, penso que conheço das razões que
inspiraram o Vereador a propor esse Projeto de Lei que busca regularizar uma
situação nova para a Cidade de Porto Alegre e que nós começamos a conhecê-lo a
partir do momento em que existe uma disputa de mercado em torno desse filão da
telefonia, que é a Telefonia Celular, com início das atividades, em Porto
Alegre, da chamada Banda B, operada pela Telet, que passa a ser concorrente da
Telefônica nesse processo. Supõe-se que esse fato deverá ensejar vantagem para
os consumidores na medida em que a concorrência vai estimular a disputa do
consumidor e a sua maior valorização, mas, indiscutivelmente, pode gerar
algumas situações novas não recomendáveis para a Cidade, pois são realidades
com as quais não convivemos até os dias atuais, e certamente teremos que
aprender a com ela conviver.
O
Vereador se antecipa a uma discussão que certamente surgiria em torno da
instalação das estações de radio base de Telefonia Celular, até o presente
momento em número bastante reduzido na Cidade, porque não havendo necessidade
de se apresentar um serviço qualificado, esse era realizado por uma única
operadora, assim o serviço apresentado de qualquer forma, não haveria de
ensejar reclamações maiores, porque não se conhecia serviços similares e, em tais
condições, éramos compelidos a consumir o que nos era oferecido, e tão somente
aquilo. Na sua Exposição de Motivos, o Vereador confessa essa realidade que
estamos colocando, trata-se de uma situação nova e com a qual a Câmara fica
intimada a participar de um grande debate, até por que não terá essa nossa lei
outra conseqüência, senão a de evitar situações novas que venham a ser criadas.
Eu conheço as razões e o ânimo do Ver. Juarez Pinheiro ao propor essa ação, não
tem o sentido de entrar no debate dessa concorrência que se instala e da qual
não participamos. Esse regramento valerá erga
omnes, contra todos. Aquelas pessoas que estão envolvidas na concorrência
terão de enfrentar esse problema e se adequar a essa Legislação que em grande
parte consolida um Decreto Municipal que surgiu nesse sentido, aprofundando-o.
Também
o Executivo de Porto Alegre teve dificuldades para conviver com esse assunto,
na medida em que é uma realidade nova. Foi preciso que se fizesse, não às
pressas, e não com a rapidez que alguns esperavam, um Decreto, dando as
diretrizes-base para a instalação dessas estações de radiosbase. No
entendimento do Ver. Juarez Pinheiro, a matéria com relação a esse Decreto
ainda não foi esgotada, merecendo ser mais aprofundada. É uma realidade nova, de
aprofundamento técnico que inclusive perpassa a necessidade de ser discutida em
todo o território brasileiro, porque também em outras unidades da Federação
começa a haver esse debate que já foi enfrentado na Europa e nos Estado Unidos
em outros momentos, mas para nós é novidade. O nosso atraso tecnológico
determina que conheçamos os efeitos bons e maus dessas situações com alguns
anos de atraso. Como não temos como adivinhar a situação com antecedência,
agora que ela surge concretamente, o Ver. Juarez Pinheiro madruga, propondo
este debate que se instala, vai tomar conta da discussão preliminar dos
próximos dias e certamente tomará conta da discussão nesta Casa que
paralelamente com outros assuntos importantes que transitam por aqui, discutirá
adequadamente essa proposta do Ver. Juarez Pinheiro, que é uma tentativa
correta, legítima e adequada de posicionar o Legislativo da Cidade, diante de
uma realidade nova com a qual temos de conviver e conhecê-la por inteiro,
inclusive em seus aspectos técnicos e logísticos.
Cumprimento
o Ver. Juarez Pinheiro que traz para esta Casa uma matéria dessa magnitude e
sobre a qual temos o dever de nos debruçar pela comunidade e pela Cidade. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Antônio Losada está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. ANTÔNIO LOSADA: Senhor Presidente e Srs. Vereadores, hoje
ocupou a tribuna o senhor Jair Krischke em razão do transcurso do 20º aniversário
do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, entidade essa que prestou e presta
um grande serviço à comunidade porto-alegrense.
Queremos
lembrar alguns nomes que contribuíram para o sucesso dessa entidade: o
ex-Vereador Omar Ferri, o Dr. Luiz Goulart, o senhor Agostino Veit, pessoas que
participaram da fundação desse movimento que, nos derradeiros suspiros da
ditadura militar nesse País, quando essa ditadura aguçou a sua radicalidade, a
sua violência, as torturas, esse movimento, em boa hora, contribuiu para que se
chegasse a um basta naquela violência incontida.
Queremos
também comentar o Projeto da Ver. Helena Bonumá, que cria o Conselho Municipal
dos Direitos Humanos. Esse Conselho institui a política de direitos humanos na
Cidade, que é resultado de uma conferência sobre direitos humanos realizada
recentemente nesta Cidade. Esse Conselho eleva a organização popular de vários
segmentos ligados aos movimentos de direitos humanos: idosos, adolescentes,
crianças, negros, portadores de deficiência. Também vão participar desse
Conselho Municipal todas as dezesseis regiões do Orçamento Participativo desta
Cidade, sendo um representante por região. Sem dúvida, essa proposta vem
cumprir um papel importante na organização popular, porque unifica vários movimentos
em função da cidadania, em função dos direitos humanos. Essa unificação vai dar
mais força a esse Conselho, vai dar mais força a esse segmento para que
reivindique do Poder Público maior espaço, melhores condições de vida e também
fiscalize as ações do Executivo. Portanto, é um Projeto que merece o aplauso
desta Casa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, venho à
tribuna para discutir o PLL nº 009/99. Antes, gostaria de fazer uma pequena
introdução. Na história recente do Brasil, da República até hoje, final do
século XIX e esse século XX, destacaram-se importantes correntes filosóficas e
políticas. Poderíamos citar o Positivismo, que influenciou a nossa Bandeira,
que influenciou toda a República Velha, poderíamos citar o Marxismo, com o
Partido Comunista em 1922, que influenciou o nosso movimento sindical, a
sociedade, independente de ele ter sido, permanentemente, colocado na
ilegalidade, atuou apenas em um breve período de um ano na redemocratização, em
1946 e, afora o período mais recente, e o Trabalhismo, na Era Vargas, a
Democracia Cristã, enfim, várias correntes filosóficas e políticas disputaram o
cenário político recente na história do Brasil, especialmente, na República.
Todas
essas correntes ideológicas e políticas têm as suas avaliações dos momentos
históricos, dos documentos importantes que forjaram, e a paixão dos seus
integrantes faz com que se estabeleçam diferentes valorações deste ou daquele
documento, como é o caso, por exemplo, para os trabalhistas, o documento
chamado de Carta-Testamento. Para eles, todo cientista-historiador entende a
importância histórica que teve esse documento, inclusive, capaz de causar uma
comoção nacional logo depois da morte de Getúlio. Mas, os cientistas analisam
com olhos de cientistas. Evidentemente, aqueles que vêm da corrente trabalhista
enxergam esse documento, além disso, como uma paixão política, e todas as
correntes políticas assim fazem em relação às suas lideranças, aos momentos da
história, aos documentos.
Por
isso quero dizer, porque sou contra a que se aprove o Projeto do Ver. João
Bosco Vaz, porque, se isso acontecer, nós temos que, de novo, abrir a cancela
para fazer isso com todas as correntes políticas e com um problema, acho que a
escola, - e eu tenho uma visão construtivista da escola, - acho que ela é o
local de construção e reconstrução do saber, o local de formação da cidadania;
portanto, nós não podemos fazer com que a interpretação dos momentos
históricos, na escola, seja orientada ou determinada pela paixão dos seus
defensores, dos seus integrantes, mas seja a avaliação que os momentos, os
documentos históricos têm que passar pelo crivo da ciência, porque lá é o local
onde se pratica ciência.
Portanto,
acho que não cabe aprovarmos este Projeto e começarmos a colocar esse tipo de
mensagem nas escolas, até porque, por trás de tudo, por mais que eu reconheça a
importância histórica, há um certo culto à personalidade que nós sabemos muito
bem como foi usado em épocas passadas e que não tem, absolutamente, nada a ver
com ciência, com análise histórica, que é o que temos que praticar dentro da
escola.
Eu
entendo que esse documento confunde muito mais do que ajuda, num espaço que tem
que ser preservado como um espaço pedagógico, de construção de análise crítica
do conhecimento, e não um local onde vamos dar vazão à interpretação apaixonada
dos fatos, dos vultos, dos documentos da história; é um local que está mais
para esse tipo de comportamento. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra para fazer uma Comunicação de Líder, pela Bancada do PFL.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, muito
se tem discutido na Cidade acerca da ação fiscalizadora hoje desenvolvida pelos
já alcunhados “azuizinhos”. Tenho tido a triste sanha, parece que sou objeto
predileto, para que se perpetuem situações que merecem esclarecimento.
Tenho
em mãos duas notificações por infrações de trânsito, ambas efetivadas no dia 10
de março do corrente ano. Coincide que, como a Casa é testemunha, no dia 10 de
março eu me encontrava fora da Cidade e fora do Estado, em Brasília, e,
evidentemente, sem condição de praticar qualquer tipo de infração aqui na
Cidade. Como, evidentemente sem condições de praticar qualquer tipo de infração
aqui na Cidade. Materialmente eu descaracterizo este fato com o comprovante da
passagem e da hotelaria. Por isso, não vou poder ser responsabilizado e posso
discutir essas duas notificações com a isenção de quem é falsamente a vítima.
Certamente, naquela penalidade mais ruinosa, que não é pecuniária, aquela que
consigna pontos no meu prontuário de motorista, essa, com toda a certeza, será
afastada. Vai restar a discussão em torno das aplicações das respectivas multas
que, segundo o nosso entendimento, é secundário, apesar de que me parece que
esse seja o objetivo dos fiscais do Município: produzir resultados financeiros
para os cofres municipais, tamanha a fúria com que eles se lançam às ruas,
aplicando penas por todos os lados. Evidente que não sei onde estava o meu
veículo no momento em que essas multas foram aplicadas, porque eu não me
encontrava no Município de Porto Alegre, mas chama a atenção sobremaneira uma
inovação que é colocada na atuação da fiscalização do Município. Uma das multas
que me foram atribuídas, de cinqüenta UFIRs e que inclui três pontos negativos
no meu prontuário de motorista, refere-se a estacionamento, “desacordo sinalizado”
e mais letras em romano que não consigo identificar. Embaixo, Vereador Hélio
Corbellini, diz assim: ”Observações: estacionamento permitido somente veículo
locado, Prefeitura Municipal de Porto Alegre - Veículo sem selo.”
Eu
não sei que selo é esse. Eu não imagino que selo pode ser esse. Busquei
informações e me disseram que se apropriaram do entorno da Prefeitura Municipal
e que ali algumas pessoas que tenham o dito selo, que é expedido por quem não
sei, pode estacionar e outras pessoas não podem estacionar. Eu quero sustentar
tranqüilamente que ninguém pode ser punido por algo que não é definido em lei
como crime. Não é definido em lei como infração. Não me consta que seja
competência de quem quer que seja estabelecer selo por algo que não é definido
em Lei como crime, não é definido em Lei como infração. E não me consta que
seja competência de quem quer que seja estabelecer selos dando privilégio de
estacionamento para uns em detrimento dos outros. Então, eu não sei quem
estacionou, alguém deve ter estacionado com o meu veículo, porque eu não
imagino que alguém tenha vindo aqui, na garagem da Câmara, onde o carro deveria
estar - eu estava ausente da Cidade -, copiado o número da placa e me
estabelecido uma infração aleatoriamente. Alguém deve ter explicação para esse
tipo de situação; alguém deve ter usado o meu veículo.
Eu
estou procurando esclarecer este fato até para identificar essa pessoa, porque
está-se oficializando na Cidade o regime do dedurismo. Tu tens que provar que
alguém estava com o teu veículo, para que as penas não caiam sobre ti. Agora,
este fato aqui - eu gostaria de chamar a atenção - não pode, é o abuso dos
abusos. Agora não vai-se criar o selo do privilégio da Cidade de Porto Alegre,
uns podem, outros não podem. Uns podem estacionar porque tem esse tal de selo,
que eu não sei onde se pega, se se adquire, se se compra, se se requer, se se
pede, se se suplica, se se ajoelha perante alguém para receber, e outros não
podem fazer. Então, Sr. Presidente, eu quero trazer essa informação para a Casa
- evidentemente que eu vou buscar, pelos meios adequados, promover a defesa -
como um alertamento. A Cidade de Porto Alegre não pode, Sr. Presidente, ficar a
mercê do autoritarismo, da discrição de pessoas que estão confundindo a sua
atuação. Estão multando inadequadamente. Estão fazendo com que o Vereador Paulo
Brum tenha razão: Porto Alegre está sonhando com a possibilidade de um dia a
Brigada Militar do Rio Grande do Sul voltar a fazer a fiscalização do trânsito
em Porto Alegre, porque os abusos dos “azuizinhos” são insuportáveis e devem
ser denunciados com a maior veemência possível. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL
PROC.
1778/97 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 111/97, de autoria do Ver. Paulo Brum, que
faculta a colocação de sinalizadores físicos móveis (placas ou cones plásticos)
nas proximidades das escolas de 1º e 2º graus localizadas no Município de Porto
Alegre e dá outras providências.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. Reginaldo Pujol: pela rejeição do Veto Total;
- da CEFOR. Relator Ver. João Dib: pela manutenção do Veto Total;
- da CUTHAB. Relator Ver. Lauro Hagemann: pela manutenção do Veto Total;
- da CECE. Relator Ver. Carlos Alberto Garcia: pela rejeição do Veto
Total;
- da COSMAM. Relator Ver. Luiz Braz: pela rejeição do Veto Total.
Observações:
- para aprovação, maioria
absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA – Art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos
termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA;
- discutiram a matéria os
Vereadores: P. Brum, C. Martini, E. Guimarães, J. Pinheiro, H. Bonumá, G.
Batista, R. Pujol, J. Azambuja e J. Valdir.
Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM
- aprova o Projeto,
rejeita o Veto;
NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 111/97 - Veto
Total. O Ver. Cyro Martini está com a palavra para discutir, por cedência de
tempo do Ver. João Motta.
O SR. CYRO MARTINI: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores
Vereadores, sempre que se oferece uma oportunidade para falarmos sobre algo que
diga respeito à problemática do trânsito, eu me vejo atraído a comparecer a
esta tribuna para discutir, para refletir acerca, obviamente, da proposição que
está em jogo e, por via de conseqüência, sobre tudo no que diz respeito ao
trânsito. Já tive a oportunidade de tratar do assunto em Explicação Pessoal, e
agora agradeço ao Ver. João Motta pela oportunidade oferecida, que me
proporcionou participar de novo nesta tribuna. Por que oferece o Ver. Paulo
Brum uma sugestão desta ordem? Diria, de plano, que ela está viciada pela
inconstitucionalidade, pela inorganicidade. Isto não se discute. A proposta é,
em princípio, inorgânica e, logo depois, é inconstitucional. A matéria, no que
diz respeito aos aspectos legislativos, é da alçada federal, e no que diz
respeito à sinalização, é da alçada do Executivo Municipal. Sob este aspecto
não há dúvida: a matéria tem vício de origem. Juridicamente, ela foi objeto de
veto por parte do Sr. Prefeito. O Prefeito não tem como executar a lei. Mesmo
que a Câmara rejeite o Veto e venha o Sr. Presidente da Casa a promulgar a lei,
o Prefeito não pode executá-la, sob pena de se postar numa situação delicada,
de arbitrariedade, de extrapolar da sua competência ao agir em consonância com
os termos deste Projeto.
O
Ver. Leão de Medeiros, que, como eu, tem a honra e a glória - para nós é uma
glória - de pertencer à classe policial, deve lembrar-se quando nós estivemos
no DETRAN, este mesmo DETRAN que foi tão injuriado, tão caluniado, e que agora
o povo de Porto Alegre e do Rio Grande está vendo que não é bem assim a coisa,
que a história é bem outra, que não é por uma coisinha ou outra de desvio de
conduta, que as razões levaram a essas conseqüências que estão aí, contra as
quais eu tenho certeza que há de se opor, com o tempo, o povo, de um modo
geral, e de Porto Alegre, de um modo especial. Nós criamos as placas, lá nos
idos da década de setenta. Tudo bem! Eu achei, então, uma idéia formidável!
Mas, depois, examinando com carinho: e quem é que vai assumir a
responsabilidade se houver alguns problema com alguma criança? Alguém vai
colocar a placa. A servente da escola? E se houver algum problema com ela?
(Aparte
anti-regimental.)
Eu
também concordo que há muita privatização, hoje, no trânsito, de sorte que já
estamos meio aturdidos: não se sabe se o trânsito é uma atividade de polícia
administrativa ou se é uma mercadoria que qualquer armazém pode exercer de um
modo corriqueiro. Também concordo, nesse aspecto nós ficamos um pouco
perturbados. Mas o juiz, depois, não vai querer saber. O juiz vai querer saber
quem é o responsável por ter permitido a essa criança colocar a placa lá no
meio da rua, e vai cobrar do Prefeito. Então, por isso, o Prefeito agiu com
segurança, agiu de modo adequado, agiu de modo correto ao vetar. O mérito do
trabalho, antes que nas placas propostas pelo Ver. Paulo Brum, está na
preocupação com a segurança de um modo geral, segurança no trânsito, que deve ser
sempre a nossa preocupação, Sr. Presidente, porque, infelizmente, o morticínio
no trânsito ainda não teve fim. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a
palavra para discutir o PLL 111/97 - Veto Total.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não
pretendia me ocupar desse tema, porque, particularmente, ele me parece simples
de ser encaminhado e resolvido. Confesso que me sinto surpreso com o Veto à
matéria, sobretudo quando o Executivo, ao se referir ao Veto, diz que se
correria o risco de que cada escola inventasse ou criasse elementos físicos
diferenciados que poderiam colocar em risco a segurança do trânsito. E por isto
se veta a matéria, porque ela estaria, teoricamente, contraditória com o Código
Nacional de Trânsito. Mas, Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ao legislador cabe
determinar as idéias gerais. As idéias gerais, no caso do Ver. Paulo Brum, são
muito claras: colocação de sinalizadores físicos móveis (placas ou cones plásticos).
Placas, não me parece que sejam contrárias ao Código; cones, muito menos. Nós
temos cones, hoje, espalhados por toda esta Cidade. Sábado de manhã eu quase
atropelei uma dezena de cones na Av. Protásio Alves, quando vinha para esta
Casa para o nosso encontro do Diretório, porque estava lá uma empresa de
telefonia, provavelmente, com cabos subterrâneos ao longo de toda a Protásio, a
partir da sede Campestre do SESC, até a antiga rótula da Carlos Gomes,
obrigando os motoristas a desviar: entrava e saia do corredor de ônibus a torto
e a direito, tudo sinalizado por cones. Aliás, eu não vi um “azulzinho” para
ajudar na sinalização, uma sinalização muito malfeita, diga-se de passagem, não
sei nem se havia um pedido de licença à SMT, como se seria de praxe ou de
obrigação. O cone além do que, é também um elemento físico, absolutamente
regulado pelo Código Nacional de Trânsito. Ainda que não o fosse, o que nós
temos aqui? Nós temos, colocado pelo Vereador Paulo Brum, uma ou outra
alternativa. Se uma for irregular, e, por força da nossa Lei Orgânica o
Prefeito não pode vetar pedaço de Lei - ele só pode vetar um item, um inciso,
um caput, um artigo, um parágrafo e
assim por diante - mesmo sem vetar ele poderia, na hora de regulamentar a lei,
regulamentá-la na opção da placa, e nós teríamos resolvido o problema. O fato
de se prever que eventualmente as próprias escolas possam fazer, possam elas
produzir, da mesma forma, não há problema nenhum, basta que na Legislação
Complementar, que seria o Decreto de Regulamentação, a Prefeitura dissesse que
os modelos eram esses, nas dimensões tais, nas cores tais, na altura tal, para
evitar que o deficiente visual não bata com a cabeça ou não peche na calçada
com relação à placa ali colocada. E aí nós teríamos resolvidos todos os
problemas.
O
que me chama atenção é que, nas razões do Veto, tudo o que o Prefeito diz de
louvação ao Projeto é que, em que pese a preocupação do legislador ao
apresentar o presente Projeto de Lei, ele invade a competência privativa da
União, etc. Isto não é verdade! A competência privativa da União é exatamente
estabelecer a regra geral. A regra particular é do Município. Tanto isto é
verdade que esta Casa, como um todo, indiferente de partidos, fez eco aos erros
da Empresa Pública de Transporte e Circulação em relação às placas colocadas na
obra da Zona Norte, e a SMT imediatamente colocou várias placas. Aliás, a maior
parte das placas não está de acordo com o Código Nacional de Trânsito, porque o
Código não prevê aquelas placas amarelonas com um monte de setinhas pretas,
mandando ir para lá e para cá sem dizer nada. Aquilo não está condizente com o
Código Nacional de Trânsito - o Ver. Cyro Martini certamente me ajuda em
relação a isto -; muito menos as placas pequenas amarelas, que dizem para
dobrar para aqui ou para ali. E que para pessoas que, como eu, usam óculos
ficam difíceis de serem vistas. Aquelas sim não estão de acordo! No mais, basta
se seguir a regra da lei.
O
mérito principal do Projeto é garantir as vidas dos estudantes junto às
escolas. Isto não se discute. Aí se passa por cima, em vôo de avião. O básico
não se diz. Então, me parece difícil sustentar o Veto a um Projeto que nós
podemos discutir sim o modo de encaminhamento, mas que o Executivo prefere
simplesmente dizer que não compete ao Vereador apropriar-se da decisão. Mas, ao
apropriar-se da decisão, continuar na omissão. Neste sentido, é difícil ter
posição contrária, a não ser derrubar o Veto, porque nós entendemos que o
mérito é infinitamente superior a qualquer outra coisa, e além do que, pela
regulamentação, pode ser sanado todo e qualquer problema eventual levantado nas
justificativas para o Veto total. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a
palavra para discutir o PLL nº 111/97 - Veto Total.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores,
apesar de os Vereadores que me antecederam já terem usado argumentos
convincentes na defesa do Projeto do Ver. Paulo Brum que faculta a colocação de
sinalizadores plásticos nas proximidades das escolas de 1º e 2º graus em Porto
Alegre, resolvi usar a tribuna para fazer uma rápida discussão, apenas para
ressaltar o quanto um Projeto de Lei pode ser um instrumento de solução de
questões, de uma maneira extremamente prática, em cima de temas tão essenciais
como a questão da segurança no trânsito dos alunos e de seus familiares na
porta das escolas.
Todos
nós que vamos às escolas, na entrada e na saída, sabemos muito bem o que
significam os riscos que todos correm, porque é o momento, evidentemente, em
que todos se aglutinam para levar e buscar seus filhos.
Eu
acho que o Projeto do Vereador parte dessa realidade, que é a realidade
problemática na Capital e procura, através de uma solução extremamente simples,
contribuir para o aumento do fluxo dos automóveis e, como conseqüência, para a
diminuição dos riscos de acidente.
O
Veto baseia-se no argumento de que isso não se adapta ao Código de Trânsito. Eu
discordo disso, porque o Projeto tem a característica de não trabalhar, em nenhum
de seus artigos, a regulamentação. E é exatamente na regulamentação desse
Projeto que a Secretaria Municipal de Transportes e os órgãos do Executivo
responsáveis por isso irão poder adaptar suas ações à legislação federal
vigente no País.
Acredito
que vamos derrubar esse Veto pela qualidade e pelo mérito do Projeto.
Nós
reconhecemos que essa realidade do trânsito é uma realidade extremamente grave
na porta das escolas, principalmente no momento da saída, onde as crianças
estão ansiosas para voltarem às suas casas. Parabenizo mais uma vez - já tive
oportunidade de fazer isso nesta tribuna - o Ver. Paulo Brum, que trabalha com
um tema de extrema importância, que é a questão da segurança do trânsito na
porta das escolas. Eu acho que nós, enquanto Câmara, já fomos palco de vários
debates. Várias solicitações foram trazidas a esta Casa, através de
professores, de Círculo de Pais e Mestres, de familiares preocupados com a
situação do trânsito na porta das escolas e com a necessidade de medidas
urgentes para a segurança de todos no momento de levar e buscar as crianças.
Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para discutir o PLL nº 111/97 - Veto Total.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Por
ocasião da votação deste Projeto, nós já havíamos nos manifestado favoráveis.
Lendo a questão do Veto, entendemos que é contrário ao interesse público e
seria temerário deixar-se a cargo das escolas sob a orientação de pessoas
inexperientes. Em cima disso, nós gostaríamos de falar. Nós entendemos que a
escola é um lugar essencialmente educacional e, através de um Projeto simples,
mas muito bem intencionado do Ver. Paulo Brum, no nosso entendimento, é um bom
momento para que as escolas, seja através do Círculo de Pais e Mestres ou
Grêmio Estudantil, possam fazer uma ampla campanha educacional junto ao
alunado. Isso, no nosso entendimento, se chama educação para a cidadania.
A Sra. Clênia Maranhão: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Carlos Garcia, eu queria aproveitar a sua intervenção para
concordar com V. Exa. e dizer que, inclusive, as escolas de Porto Alegre
tiveram a oportunidade de fazer um trabalho muito interessante de educação para
o trânsito, há alguns anos, em parceria com a Brigada que, através do teatro,
fazia todo um trabalho educativo de prevenção.
Eu
queria concordar com V. Exa., dizendo que, evidentemente, a escola também deve
ser um espaço de educação para o trânsito.
O SR. CARLOS GARCIA: Obrigada, Vera. Clênia Maranhão.
No
nosso entendimento, isso é bem claro, é um espaço educacional e vamos, cada vez
mais preparar essas crianças para a questão da cidadania, para saber toda essa
questão da legislação do trânsito. E nós sabemos o que é que está ocorrendo com
essa questão do trânsito como um todo.
Até
fugindo um pouco do assunto específico, nós podemos analisar a barbaridade que
houve com esses “kits”. Fizeram toda uma movimentação, a população do Brasil
inteiro foi ameaçada caso não comprasse o “kit”, e agora este será
desnecessário.
Agora,
alguém irá apurar a responsabilidade desses milhões de reais que algumas
empresas ganharam? Temos certeza de que não.
Então,
nós temos que investir cada vez mais na educação. Este é um Projeto simples que
investe na educação e na cidadania.
Falam
na questão da inexperiência; eu digo que, sistematicamente, diariamente, no
nosso Município, quando os garis fazem o seu trabalho de limpeza, acompanha
junto ao carro um cone.
Eu
também não sei, até gostaria que me explicassem se essas pessoas têm
treinamento para andar com esse cone, porque também suas vidas estariam em
risco.
O
nosso entendimento é bem claro, o Projeto é bom, tem condições de ser aplicado
se se fizer uma ampla campanha educacional. Só temos certeza de que quem vai
lucrar com isso será a população do entorno.
Hoje,
nós sabemos que na frente das escolas, realmente, há dificuldades: a fila
dupla, são multados, não são multados, pára o trânsito na sua totalidade.
Então, isso aqui também é uma maneira de envolver a população como um todo. Nós
temos certeza de que, Ver. Paulo Brum, o seu Projeto vai ser aprovado e, em
breve, penso que V. Exa. pode iniciar uma campanha junto às escolas de Porto
Alegre para que a educação para a cidadania possa ser exercida plenamente.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. TEREZA FRANCO (Requerimento): Sr. Presidente, hoje São Salvador, na
Bahia, completa quatrocentos anos. Eu gostaria que a nossa Câmara enviasse uma
mensagem à Câmara de Salvador cumprimentando-a.
O SR. PRESIDENTE: Vereadora Tereza Franco, uma mensagem
será enviada em nome da Câmara, por proposição de V. Exa.
O
Ver. João Dib está com a palavra para discutir o PLL nº 111/97 - Veto Total.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, na
Comissão de Finanças e Orçamento, como relator, eu me pronunciei favorável ao
Veto do Prefeito, mas, analisando os acontecimentos, eu sou obrigado a fazer
uma muito profunda reflexão. Se o Executivo Municipal respeitasse o Legislativo
nós poderíamos tomar providências diferentes. Mas o Executivo não respeita o
Legislativo. Recentemente, o Ver. Fernando Záchia pediu que fosse colocada uma
sinaleira na Av. Carlos Gomes para proteger a vida de pessoas que são obrigadas
a atravessar a Avenida. A sinaleira foi colocada, e - fato inédito na história
de Porto Alegre - o Executivo desmentiu que o pedido tivesse sido do Ver.
Fernando Záchia. Essa é uma prova contundente de que o Executivo pretende
diminuir, por todas as maneiras, o Poder Legislativo.
A
Lei Orgânica é clara quando diz, no seu art. 2º: “São dois poderes...” -
diferente da anterior Lei Orgânica, que dizia: “Dois órgãos...” -
“...independentes e harmônicos entre si”. E o Executivo tem pressionado,
sistematicamente, o Legislativo, indo ao ponto de o Prefeito, numa entrevista
dada ao mundo, dizer que nós poderíamos ser substituídos pelos integrantes do
Orçamento Participativo.
Então
sou levado a esta reflexão: se o Ver. Paulo Brum, sensível a problemas desta ou
daquela escola, fosse atendido pelo Executivo, ele não precisava fazer esta
lei.
Sou
do tempo do arbítrio, como dizem alguns, mas o arbítrio atendia os Vereadores,
talvez não dependesse tanto deles, mas atendia os Vereadores. Não há história
de Vereador que quis falar com o Prefeito e levou semanas, meses ou anos sem
ter conseguido audiência. O Vereador era atendido por telefone, na hora. Hoje,
mesmo, telefonei para uma Secretaria e perguntaram quem eu era, disse: - João
Dib. Me perguntaram: - de onde senhor?
O Sr. Reginaldo Pujol: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Quero dizer que V. Exa. não é do tempo do arbítrio, é do tempo em
que esta Casa era respeitada e que o instrumento regimental do pedido de
providências era usado com freqüência, e todos tinham consideração da
Prefeitura Municipal. Nunca se imaginou dar respostas evasivas ao pedido de
providências que geram a necessidade dos Projetos de Lei autorizativos.
O SR. JOÃO DIB: Realmente, no passado, o pedido de
providências era uma arma do Vereador, respeitada, que o Executivo respondia se
podia ou não fazer mas, nunca tentou, o Executivo, diminuir o Legislativo. Até
porque são independentes e harmônicos, um precisa do outro.
Mas,
a Prefeitura Municipal pela entrevista dada pelo Sr. Prefeito Raul Pont deixa
claro que se não tivesse a Câmara Municipal as coisas funcionariam igual. Claro
que esquece das autorizações para ele viajar, para realizar empréstimos.
Esquece o Orçamento, a Lei de Diretrizes Orçamentárias, o Plano Diretor! Nós
somos essenciais para a vida da Cidade, e mais do que isso, somos a síntese
democrática de todo o cidadão, porque, para eleger 33 Vereadores foram
necessários 100% dos votos contados; para eleger o Prefeito, 51 ou 52%.
Então,
temos muito mais representatividade que o próprio Prefeito, que o próprio Executivo.
Mas,
o Executivo teima em desprestigiar o Legislativo, é uma coisa muito má, um erro
crasso, desprestigiar o Legislativo.
Uma
das mágoas que tive, quando Prefeito, que me levou a criar a frase: do direito
nasce do dever, foi quando eu falei com Vereadores e disse: “os Senhores são
solidários comigo na administração da Cidade”, e eles me disseram: “problema
seu”. Não, o problema aqui é nosso; a solução tem que ser nossa. O respeito do
Executivo ao Legislativo tem que ser dado permanentemente. Eu disse aqui, no
dia 04 de janeiro, que exijo respeito do Legislativo para com o Executivo, mas
exijo, com a mesma força, respeito do Executivo para com o Legislativo, e isso
não está acontecendo.
Por
isso, Ver. Paulo Brum, vou acompanhar o Projeto de V. Exa., porque o pedido de
providências sanaria isso com muito mais tranqüilidade, mas não aceitam pedidos
de providências que partam da oposição! Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a discussão. Em votação nominal
o Projeto nº 111/97 - Veto Total, Proc. nº 1778/97. (Pausa.) (Após a chamada.) APROVADO por 18 votos SIM, 11 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO.
Ficando prejudicado o Veto a ele aposto.
O SR. LUIZ BRAZ (Esclarecimento): Sr. Presidente, peço desculpas, mas não
ouvi o seu voto e pergunto se V. Exa. votou.
O SR. PRESIDENTE: Votei, Ver. Luiz Braz.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL
PROC.
2425/97 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 144/97, de autoria do Ver. Paulo Brum, que
autoriza o Poder Executivo Municipal a destinar local para a celebração de
cultos afro-brasileiros.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela manutenção do Veto Total;
- da CEFOR. Relator Ver. João Dib: pela manutenção do Veto Total;
-
da CUTHAB. Relator Ver. Antônio Losada: pela manutenção do Veto Total;
-
da CECE. Relator Ver. José Valdir: pela manutenção do Veto Total.
Observações:
- para aprovação, maioria
absoluta de votos favoráveis dos membros da CMPA – Art. 77, § 4º, da LOM;
- votação nominal nos
termos do Art. 174, II, do Regimento da CMPA.
Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM
- aprova o Projeto,
rejeita o Veto;
NÃO - rejeita o Projeto, aceita o Veto.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL nº 144 - Veto Total.
O Ver. Juarez Pinheiro está com a palavra para discutir.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o tema
é importante, mexe com a cultura religiosa da nossa Cidade. Diz o Projeto:
“Fica autorizado o poder público municipal a destinar local para a celebração
de cultos afro-brasileiros.” A Constituição Federal de 1988, de forma
categórica, colocou a questão da liberdade de culto, no sentido de que as
manifestações religiosas não devem ser cingidas por determinações de ordem
legal, seja da União, dos Estados, ou dos Municípios. A proposta do Vereador
fere esse dispositivo porque investe contra uma luta feita, em 1988, por
segmentos importantes da cultura religiosa deste País. Além do mais, o Poder
Executivo não precisa dessa autorização. Esse é, na verdade, um Projeto
autorizativo, o Poder Executivo, se quiser, determina um local para essas
oferendas. A favor do Ver. Paulo Brum, é alegado que o Projeto não concentra,
isso é importante, não está concentrado num único local e impedindo que as
oferendas sejam feitas em outros. A maioria das lideranças importantes dessa
área de cultos afro-brasileiros manifestaram-se contrários ao Projeto. Quer
dizer, esta Casa não pode fazer “uvidos moucos”a lideranças importantes dessa
área da cultura religiosa de nossa Cidade. Elas encaminharam no Processo,
documentos posicionando-se contrariamente, porque entendem que isso vem cingir,
diminuir a capacidade dessas seitas efetuarem suas oferendas. Tecnicamente,
Ver. Jocelin Azambuja, eles colocam que determinada linha dos cultos afros, as
oferendas não podem, por serem diversas, ficarem próximas, sob pena de
prejudicar uma ou outra. O Projeto, além de ter problemas de ordem
Constitucional e legal, vai contra o interesse da maioria dessas pessoas que
professam esse tipo de culto religioso. Os documentos estão no Processo, as
lideranças manifestam-se contrariamente. Acredito que assim como eu, a maior
parte da Bancada do PT vota pela manutenção do Veto do Sr. Prefeito, porque
queremos respeitar os cultos religiosos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Paulo Brum está com a palavra para
discutir o PLL nº 144/97 - Veto Total.
O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em
primeiro lugar, eu não ia discutir, só fazer um encaminhamento, mas
aproveitando essa colocação do Ver. Juarez Pinheiro, vou apenas ler um
manifesto que foi dirigido a todos os Srs. Vereadores. Este manifesto foi
escrito pela Sra. Dilce da Oxum, do Jornal JOCAB; pelo Sr. Beto do Nagô, em
consonância com a Fundação Moab Caldas, Aliança Umbandista OSECAE e o AFRO
CONESUL.
“Durante
os últimos anos, tem havido uma crescente preocupação por parte das Secretarias
como SMAM, Secretaria da Saúde e até mesmo pelo DMLU, com relação ao material
deixado em matos, praças, ruas asfaltadas (cruzeiros), lagos, cascatinhas e
beira do rio Guaíba, resultado de oferendas ou ‘despachos’.
Secretários
como Gerson Almeida, Ideraldo Caron e Darcy Campani sempre empenharam-se para,
mesmo respeitando a Cultura Afro descendente, também manter a comunidade em
geral satisfeita. Mas a luta, a proposta é desigual. Na medida em que a Cidade
cresce, a tecnologia assume proporções magníficas, o urbanismo exige cada vez
mais espaço e engole a periferia, locais adequados para rituais, o livre
exercício de uma atividade religiosa própria da etnia negra, e que, inclusive,
é garantida pela Constituição, somem, restringem-se, são gradativamente
empurrados para fora dos centros urbanos. Hoje, em Porto Alegre, não há mais
local para serem realizadas atividades de cunho religioso. Onde homenagear orixás
da água? Que pedreira utilizar? Onde há uma mata? Oferenda largada é passível
de vandalismo. E a falta de segurança? Onde encontrar um cruzeiro de terra
legítima? Causa constrangimento aos verdadeiros religiosos, os de fundamento,
utilizarem certos locais para determinados trabalhos - que são parte da força
que lhes foi legada pelos primeiros, ou sejam, os negros - por saberem que
leigos, pessoas que desconhecem os rituais, ficarão chocados ao verem aves,
quatro pés, e etc. Mas onde fazer, onde colocar um trabalho que, muitas vezes,
é para salvar alguém que está muito doente? Já não falamos em casos de lindas
oferendas que são destruídas apenas por maldade, falta de informação, pessoas
antagônicas. Quem tem à disposição a mata, a água, a pedreira? Raros, poucos,
alguns talvez. Existe o parque Saint Hilaire. Mas hoje, com o público cada vez
mais procurando lazer, é traumático para o religioso que perde em privacidade e
também para quem busca refúgio e natureza.
Soluções
com visão de futuro, preocupados em preservar uma cultura milenar, foram
encontradas, por exemplo, em Santa Maria, estão sendo agilizadas
inteligentemente pela Prefeitura de Alvorada, Projeto já concluído com a
integração de Secretários, como o de Cultura, Planejamento e outros, visando a
recuperar e enriquecer a famosa Cascatinha, conquista do sábio “Pai Lelo”, é
proposta das Prefeituras de Gravataí e Viamão, ambas Prefeituras do PT, para
resolver essa situação que existe e
que tem que ser enfrentada de frente com o pensamento de que o ano 2000 está
aí, e nada pode ser ignorado.
Porto
Alegre é uma Cidade que tem um sistema de funil, difícil de ser trabalhada por
sua localização centrada. Hoje, está espremida, estrangulada. Os morros, antes
periferia, hoje, são disputados pelos luxuosos condomínios de belas casas. As
vilas vão sendo, gradativamente, suprimidas e, em conseqüência, os templos
ficam em meio ao crescimento dessa bela Cidade. Onde complementar os rituais? O
que propomos, proposta essa trazida até a esta Câmara, através de lideranças envolvidas
com as questões que hoje discutimos, quem sabe, uma área onde todos,
independentemente de filiações partidárias, possam ir com segurança, respeito,
a qualquer horário resolver com dignidade parte dos ritos afro-descendentes.
Pensem em pedreiras onde o que for colocado para Xangô cumpra o preceito, sem
roubos. Quem sabe uma mata linda, limpa, cortada por cruzeiros bem feitos de
terra batida. Já imaginaram um cascata onde os doces, floridas, oferendas
fiquem o tempo necessário e depois sejam retirados por quem sabe para o local
manter-se adequado? E uma gruta para Xangô? E o plantio de árvores ligadas aos
orixás? E as plantas que poderiam formar um local único no Rio Grande do Sul? E
as flores dos Deuses do Panteon Africano que poderiam, com tabuletas
indicativas, encantar os olhos dos Babalorixás, Ialorixás e visitantes em busca
de energia? Local isolado para oferendas e despachos, local para ervas, flores
e árvores. Um Templo a céu aberto onde o sol, filtrando pelas árvores,
pássaros, lua, estrelas velando os rituais. Local onde tambores soassem sem
preocupação com os vizinhos. Murmúrio de água caindo, ruído suave de pedras,
árvores erguendo os galhos em prece aos deuses Orixás. Um local, enfim, com
dignidade. Que esse local seja em parceria com a SMAM, DMLU, Saúde, Cultura e
Educação, que seja fortalecido e surja um grande Projeto. Local para isso,
existe”.
Sr.
Presidente, trazemos a esta Casa este manifesto, que foi, inclusive,
distribuído a todos os Vereadores, escrito por lideranças envolvidas com a
questão que hoje trazemos a esta Casa. Por último, que a democracia seja ampla
e real, mesmo em se tratando de religião. Por isso, pedimos aos Srs. Vereadores
que derrubemos esse Veto e que deixemos para a comunidade, para a religião
afro-umbandista, em conjunto com o Poder Executivo escolher um local que seja
destinado a essa bela religião para que possamos ter, enfim, um local inédito
no Estado do Rio Grande do Sul. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para discutir o PLL nº 144/97 - Veto Total.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o
Projeto do Ver. Paulo Brum, vetado pelo Sr. Prefeito Municipal, é de uma
simplicidade muito grande, mas propicia uma discussão profunda aqui na Casa, na
medida em que autoriza o Poder Executivo Municipal a destinar um local para a
celebração de cultos afro-brasileiros e enseja uma discussão sobre liberdade
religiosa e os compromissos que o Estado tem - Estado enquanto ente da sociedade
-, de preservar essa liberdade.
O
nosso prezado Ver. Juarez Pinheiro, num alentado e judicioso parecer, eis que
embasado por considerações das mais brilhantes e trazendo, inclusive, à colação
de posições de ilustres juristas brasileiros, entre os quais o festejado José
Afonso da Silva, conclui, de forma exemplar, dizendo que: (Lê.) “Cumpre aos
Poderes públicos não embaraçar o exercício dos cultos religiosos. Art. 19, 1º:
Como protegê-los impedindo que outros o façam. Neste sentido, já se pronunciou
o Superior Tribunal Federal em favor do ex-bispo de Maura que constituiu uma
Igreja nacional com o mesmo rito da católica, mas desvinculado do Pontífice
romano.”
Como
está entre aspas, eu penso que a citação é do José Afonso da Silva, que é
exemplar, Ver. Juarez Pinheiro. Cumpre ao Estado não só reconhecer, proclamar,
como também proteger essa liberdade de culto.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Como V. Exa. pinçou um excerto dessa manifestação, solicito que
leia também o parágrafo constante na folha 3, onde diz “A Constituição ampliou
essa liberdade...” senão, a conclusão de V. Exa. poderá não ser a mesma do
parecer que exarei. Obrigado.
O SR. REGINALDO PUJOL: Atendo: “A Constituição ampliou essa
liberdade e até prevê uma garantia específica. Diz no art.5º, VI: ‘É assegurado
o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, proteção
aos locais do culto e as suas liturgias.’ Diferentemente das constituições
anteriores, não condicionará o exercício do culto à observância da ordem
pública e dos bons costumes. Esses conceitos que importavam em regras de
contenção, delimitação dos cultos, já não mais o são. É que, de fato, parece
impensável que uma religião, cujo culto por si seja contrário aos bons costumes
e à ordem pública; tais conceitos são vagos, indefinidos e mais serviam para
intervenções arbitrárias do que tutela desses interesses gerais. O dispositivo
transcrito compõe-se de duas partes: assegura a liberdade de exercício dos
cultos religiosos sem condicionamento e protege os locais de cultos e suas
liturgias, mas aqui, na forma da lei.”
O
que quer o Ver. Paulo Brum no seu Projeto senão definir aquele local onde a
proteção ocorrerá na forma da lei?
Prossigo:
“É evidente que não é a lei que vai definir o local do culto e suas liturgias,
isso é parte da liberdade do exercício dos cultos, que não está sujeita a
condicionamento. É claro que há locais, praças, por exemplo, que não são
propriamente locais de cultos, não se realizam cultos, é mais o exercício da
liberdade da reunião do que liberdade religiosa. A lei poderá definir melhor os
locais não típicos de cultos, mas necessários ao exercício da liberdade
religiosa.”
É
sábio o nosso grande constitucionalista, brilhantemente citado pelo Vereador
parecerista, insigne companheiro de jornada Juarez Pinheiro. Devo dizer que é
fundado, exatamente, neste aspecto, porque eu sou um liberal, que defendo a
liberdade da forma mais ampla que puder. Tenho reiteradamente dito que voto em
tudo que se destina, nesta Casa, a permitir que se façam as coisas: tudo que
não proíbe, tudo que faculta, tudo que possibilita, tudo que regula, tudo que
regra, tudo que estabelece uma forma pela qual as coisas podem ocorrer na
Cidade, da forma mais ordeira possível e dentro da lei. O Ver. Paulo Brum quer,
dentro da lei, estabelecer um lugar onde aqueles que professam esses cultos
possam fazê-lo regularmente e legalmente. Tem o meu apoio Vossa Excelência.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a
palavra para discutir o PLL nº 144/97 - Veto Total.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, acho
muito interessante a oportunidade que nos dá o Projeto do Ver. Paulo Brum de
discutir este tema: o Projeto que autoriza o Poder Executivo Municipal a
destinar local para a celebração de cultos afro-brasileiros. Quando este
Projeto chegou às minhas mãos, tive uma preocupação e tomei alguns cuidados
antes de ter uma posição sobre ele. A minha preocupação era de não compactuar com
nenhuma idéia que pudesse, mesmo que de longe, uma idéia que viesse contra a
liberdade de expressão ou a liberdade de manifestação religiosa ou de
realização de qualquer culto. Acho que a liberdade de manifestação religiosa é
um direito fundamental de todas as civilizações, de todos os cidadãos. O
Projeto do Vereador também me fez pensar se nele haveria qualquer possibilidade
restritiva ou limitadora. Li com atenção, ouvi algumas lideranças religiosas
importantes da nossa Cidade, e concluí que o Projeto do Vereador não é
restritivo nem limitador, porque ele não proíbe nenhuma ação, nenhuma
manifestação religiosa em nenhum outro lugar desta Cidade. E isto é uma questão
fundamental. Eu acredito que, quando o Poder Público delimita um espaço
respondendo a uma solicitação da sociedade, acho que ele contribui para o
reconhecimento público do objeto daquela reivindicação. Eu acredito que, quando
as entidades religiosas, das religiões afro, defendem a criação de um espaço
para suas livres manifestações religiosas e culturais, a criação desse espaço
vai permitir não apenas melhores condições concretas para a manifestação
religiosa, mas eu acho que, do ponto de vista simbólico, tem uma função
importante, que é a função do reconhecimento público. Eu acredito que, quando a
discussão se refere à celebração de cultos afro-brasileiros, essa discussão tem
uma importância muito grande, porque em todas as culturas, em todas as
civilizações, há religiões que são mais identificadas com a maioria, pelo menos
com a maioria com maior espaço social e político. Nós sabemos que as religiões
afro têm uma expressão maior entre os setores populares do Brasil. Portanto, a
definição do espaço público traz também a possibilidade da divulgação para um
maior reconhecimento.
Eu
sei também que, em outros municípios, algumas prefeituras têm atendido
solicitações religiosas e oficializado espaços para a manifestação das
religiões afro-brasileiras. Acho que isso não é, de jeito nenhum, uma restrição
de espaço para a manifestação religiosa, é a definição de um espaço que
legitima a manifestação, ele não restringe, não exclui, ele faculta, mas não
proíbe, acho que alarga a possibilidade da livre manifestação do culto. Eu
acredito que, no caso de Porto Alegre, a criação de um espaço para a celebração
de cultos afro-brasileiros, desde que não se proíba nenhum outro espaço de
manifestação, é importante pela própria organização urbana da Cidade, porque
grande parte da Cidade é espremida entre o rio e os morros. Esse é um dos
motivos de as entidades solicitarem espaços mais afastados e amplos, que
permitam as suas manifestações de acordo com a sua cultura e crenças. Muito
obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antônio Losada está com a palavra
para discutir o PLL nº 144/97- Veto Total.
O SR. ANTÔNIO LOSADA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O
Projeto do Ver. Paulo Brum recebeu parecer contrário de quase todas as
Comissões. Trata-se de um Projeto inconstitucional, que invade a área do
Executivo. O Projeto sugere que se restrinjam as áreas, os espaços que as
religiões afro ocupam para desenvolver suas atividades religiosas. O Projeto
tem o aspecto de cercear, de certa forma, a liberdade dessas entidades. Talvez
não tenha sido este o objetivo do Ver. Paulo Brum. O objetivo do Projeto talvez
seja o que consagrar determinados espaços para estas atividades. Entretanto,
além da inconstitucionalidade, porque a Constituição diz que tem que haver a
plena liberdade para o exercício dessas atividades religiosas, não podemos
restringir a determinados espaços esse tipo de atividade, que é desenvolvida
por camadas da população de origem extremamente populares.
Reconheço
a defesa feita pelo Ver. Reginaldo Pujol e pela Vera. Clênia Maranhão, mas,
entretanto, é uma questão de interpretação, porque o aspecto que viola a
Constituição é claríssimo: viola a liberdade do exercício dessas atividades.
O Sr. Paulo Brum: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Antônio Losada, quando V. Exa. coloca que eu estou
restringindo, não tem nada a ver. Estamos autorizando um local para que haja a
manifestação. Não estamos proibindo, sob hipótese alguma, que se façam as
manifestações onde estão sendo feitas. O que diz V. Exa. de uma Prefeitura
administrada pelo PT, aqui de Alvorada, que tem um belíssimo local que foi
autorizado, que inclusive serve como ponto turístico da cidade? Em Santa Maria
também existe. Viamão, Gravataí também já estão em consonância, em contato com
as lideranças das entidades, no sentido de desenvolver um local específico.
Mas, isto não quer dizer que estamos proibindo a livre manifestação. Se V. Exa.
ler o Projeto corretamente vai ver que não estamos restringindo a livre
manifestação. Apenas estamos destinando um local específico para quem desejar
fazer as suas manifestações. Não estamos, sob hipótese alguma, proibindo nenhum
tipo de manifestação religiosa.
O SR. ANTÔNIO LOSADA: Evidentemente que o objetivo do Projeto
talvez não seja esse. Mas o conteúdo deixa transparecer quando propõe
determinados locais, aí sugere uma restrição ao exercício dessas atividades.
Eu
queria examinar aqui o problema da inconstitucionalidade. Estabelece o inciso
VI, do art. 5º da Constituição Federal, que a liberdade de crença é inviolável,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos, garantindo, na forma
da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias.
Então,
ao pé da letra, na Constituição, está bem especificada a inconstitucionalidade
do Projeto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja está com a
palavra para discutir o PLL nº 144 - Veto Total.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, nós não
poderíamos deixar de vir discutir esta matéria, até porque ouvimos falar aqui
em inconstitucionalidade. Não existe nenhuma inconstitucionalidade. É um
Projeto de natureza autorizativa que não fere, não cerceia a liberdade de
ninguém, apenas regra essas atividades. Não tem nenhum embasamento legal para
dizer, daqui da tribuna, que existe alguma ilegalidade. Não existe. As
interpretações são as mais variadas. E cada um faz a sua. Mas não nesse
sentido. Nessa linha, nós não podemos aceitar.
Por
outro lado, foi dito aqui que bastaria um Pedido de Providências. Mas como
fazer um Pedido de Providências, se nunca vai ser cumprido? Eu ainda hoje lia
no jornal que ciclista morre atropelado. Desde 1993, eu solicito que se faça
ciclovias em Porto alegre. Fiz um Projeto de Lei, mostrei que tem que ter
ciclovias em Porto Alegre. Mas, não, as pessoas morrem, vão continuar morrendo
e fez bem esta Câmara em aprovar os meus Projetos autorizativos para as
ciclovias em Porto Alegre, porque é a natureza política: na omissão do poder
Executivo, o poder Legislativo tem que agir e o que o Ver. Paulo Brum está
fazendo é a mesma coisa, agindo politicamente! Dando condições ao Executivo
Municipal de resolver um problema que aí está colocado pela sociedade. Ele
trouxe elementos comprobatórios das afirmativas que aqui fez. Nós precisamos
ter a consciência de que o Executivo só age sob pressão do Legislativo e essa
pressão se dá com o poder político que temos e de que não podemos abrir mão.
Claro que se fosse um Projeto em que tivesse interesse o poder Executivo; que
tivesse saído das hostes do poder Executivo, ou dos Vereadores da Bancada do
Governo podia ser inconstitucional que estaria sanado o vício da
inconstitucionalidade, tranqüilo, com a assinatura do Prefeito. Vamos dar um
exemplo, o Conselho de Defesa do Consumidor, que a Vera. Clênia Maranhão, se
não me engano, na Legislatura passada, propôs, disseram que era
inconstitucional, nós aprovamos e o Governo foi até à Justiça e, depois, a
Vera. Maria do Rosário fez, mas aí passou a ser constitucional. Não foi assim,
Vera. Clênia Maranhão? Ou eu estou enganado? Quando a Senhora fez, era
inconstitucional; quando a Vera. Maria do Rosário fez era constitucional?
(Assentimento da Vereadora.) Eles são inteligentes, não retiro a inteligência
deles, são inteligentes e têm o poder na mão. Então, quando é feito algo pelos
Vereadores que não são da Bancada Governista aí é inconstitucional, aí não é
legal, agora, se for feito por um Vereador da Bancada Governista, aí, tudo é
legal, correto e regimental.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Jocelin Azambuja, V. Exa. tem razão. A Vera. Maria do
Rosário apresentou um Projeto autorizativo para que se erigisse um monumento
aos mortos na Revolução, e, de uma forma irregular, ele foi aplicado, mas ele
foi sancionado em Sessão Solene no Salão Nobre da Prefeitura.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: Que beleza, Ver. João Dib! E foi
aplicado dinheiro do poder público, sem ter constrangimento nenhum, não tinham
de dizer de onde vinham as verbas, nem nada. Era um Projeto de um Vereador do
Governo, lógico tinha que ser aprovado.
O Sr. Juarez Pinheiro: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) A fala de V. Exa não procede, porque nessa mesma Sessão nós
derrubamos o Veto ao Projeto do Vereador Renato Guimarães e outro Veto ao
Projeto do Vereador Gerson Almeida. E os motivos eram os mesmos que agora nós
discutimos. Então V. Exa. não coloca toda a verdade nessa questão.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: De vez em quando, Vereador Juarez
Pinheiro, para não ficar muito chato, quando o Projeto é muito fora de mão, aí
acaba o Executivo colocando um Veto para ficar perante a opinião pública com
uma imagem de “olha, nós vetamos”. Mas, na prática, nós sabemos que não é
assim. Por que, Vereador Juarez Pinheiro, não fazem as ciclovias em Porto
Alegre? Por que não colocam em prática os meus Projetos? A ciclovia da Zona
Sul, que está aprovada desde 1995? A ciclovia do trabalhador e tantas outras?
Façam! O povo quer! Por que não fazem? Porque foi o Vereador Jocelin Azambuja
que apresentou o Projeto, como agora foi o Vereador Paulo Brum. Se o seu
Projeto, Vereador Paulo Brum, tivesse saído aqui deste lado, talvez o Senhor
não estivesse hoje peregrinando para conquistar os votos e derrubar o Veto. Nós
vamos derrubar o Veto! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Cyro Martini está com a palavra
para discutir o PLL nº 144/97 - Veto Total.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, se
porventura o padre Hary, pároco da minha igreja, São José do Murialdo, e se o
padre Lauri me dissessem “nós estamos pleiteando que a Prefeitura, de forma
direta ou indireta, através da Câmara Municipal, que o Município destine um
local para a prática dos atos litúrgicos da religião católica: missa e outros
atos”, eu pediria a eles permissão para discordar. A razão é simples: não há
como nós definirmos um local universal, único para a prática de atos
religiosos. Na verdade, se nós examinarmos o artigo 1º da proposta do Ver.
Paulo Brum, vemos cristalizada a inconstitucionalidade da proposta, ou seja:
“fica autorizado o Poder Público Municipal a destinar local para celebração de
cultos afro-brasileiros”. Isso é, no jargão jurídico, uma capitis dimunutio - uma diminuição, uma restrição. Se é uma
restrição, há uma disposição constitucional, pela qual o constituinte não
colocou reservas, por isso, não há como se entender que a proposta seja
favorável à prática dos atos religiosos de qualquer das chamadas religiões.
É
uma restrição, e, como tal, o Sr. Prefeito agiu bem ao proteger a prática do
culto das religiões afro-brasileiras. Procedeu de modo correto, pois,
realmente, é inconstitucional. Se algum religioso pertencente a essas correntes
afro-brasileiras entende ou entendeu que esta é uma providência correta, está
pensando de modo errado.
Eu
não conheço detalhadamente as diversas práticas, mas, de plano, podemos
entender que ao dispormos, ao colocarmos e ao restringirmos a um determinado
local, nós estaremos obrigando os praticantes da religião a se submeterem e a
se constranger ao local que, talvez, não corresponda justamente àquelas várias
entidades que merecem o culto, como as da água, as do fogo e assim
sucessivamente.
Na
verdade, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a proposta é restritiva, não vem ao
encontro do desenvolvimento e da manifestação livre do culto religioso, pelo
contrário, reduz, obriga a se limitar a um determinado canto. Repito, ouve-se
bem o Prefeito ao vetar, porque se assim não o fizesse, estaria faltando com o
dispositivo constitucional que assegura ao cidadão o pleno exercício do culto
religioso. Razões de outra ordem até podem ser obstadas, mas dessa natureza
não.
Por
isso, Sr. Presidente, eu insisto, se alguma corrente afro-brasileira pediu para
se aprovar esta proposta, está equivocada. Sob o ponto de vista constitucional
e legal não pode, mas se for levada a efeito vai constranger, limitar, cingir a
uma determinada área quando, na verdade, a coisa é bem mais ampla. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Helena Bonumá está com a palavra
para discutir o PLL nº 144/97 - Veto Total.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, o Ver.
Paulo Brum levanta uma preocupação que é de como ficam os cultos religiosos das
religiões afro-brasileiras e afro-umbandistas com o crescimento urbano que
restringe as áreas necessárias para essa prática religiosa.
A
preocupação do Ver. Paulo Brum é pertinente, mas a proposta que o Prefeito, de
uma forma correta veta, é equivocada para responder a essa preocupação.
Eu
queria citar aqui algumas questões. A primeira delas é de que não é consenso no
meio religioso essa solução proposta pelo Ver. Paulo Brum.
E
aí, Vereador, eu penso que não cabe a nós nem ao Executivo legislar sobre
questões religiosas.
O
art. 5º que o Ver. Juarez Pinheiro levanta na sua Exposição de Motivos na
Comissão de Constituição e Justiça garante a liberdade religiosa. Não cabe ao
Executivo nem ao Estado regulamentar o local da prática religiosa, assim como
também não caberia a nós, do Legislativo.
Então,
eu penso que existe aí um constrangimento previsto pela própria Constituição.
Para mim, esta é a base fundamental da negativa do Veto, e acho que o Veto tem
que ser mantido por esta Casa.
A
outra questão que quero resgatar, que é mais de natureza religiosa dos grupos
que nos procuraram pela manutenção do Veto, é no sentido de que um local único
não vai contemplar as diferentes religiões, pelo próprio fundamento religioso
de que um mesmo local não pode abrigar atos religiosos de origem diferenciadas.
E as pessoas que praticam essa religião, os órgãos que organizam essas casas
religiosas, não se sentem contemplados e não usariam esse espaço. E aí fica uma
pergunta sobre a qual esta Casa deve refletir: como é que vai, o Estado, como é
que vai, o Município, intervir no sentido de constituir um espaço para uma
religião? E as demais religiões que não aquelas do ponto de vista do
afro-umbandismo? Nós estaríamos abrindo um precedente no tratamento de um grupo
religioso e poderíamos, sim, ser questionados pelos demais grupos religiosos,
pelas demais religiões que se expressam na nossa Cidade, porque o Estado
estaria, a partir de uma ação sua, privilegiando uma religião e providenciando,
para um grupo religioso, um local e condições para a sua prática religiosa. E
as demais, como ficariam? Então, sem dúvida não é papel do Estado, não é papel
do Município criar condições, infra-estrutura necessária para a prática dos
cultos religiosos. Por mais que o crescimento da Cidade possa criar
constrangimentos, acho que é nesse crescimento que a prática religiosa também
se renova e também cria as suas próprias alternativas. Portanto, não cabe ao
Município essa obrigação proposta aqui. O Ver. Paulo Brum diz que não é
determinante, que fica em aberto se alguns grupos religiosos quiserem usar ou
não, mas a partir do momento em que o Estado concede para um, terá que conceder
aos demais e, assim sendo, terá que usar o mesmo critério, ou seja, conceder a
infra-estrutura necessária para a prática religiosa ou a garantia do local para
a prática religiosa, não só tratando de grupos afro-umbadista, mas das demais
religiões praticadas no Município. Isso tudo inviabiliza, além de não ser papel
do Estado. Esse, para mim, é o fundamento principal da manutenção desse Veto.
E
eu queria, Ver. João Dib, Ver. Jocelin Azambuja, que me antecederam nesta
tribuna, resgatar a questão do método que temos que ter quando a gente avalia
aqui os Projetos. O problema, Ver. João Dib e Ver. Jocelin Azambuja, é que não
é pelo fato de ser autorizativo. Nós, aqui, nessa votação de Vetos, derrubamos
um Veto autorizativo do Ver. Paulo Brum, que concedia às auto-escolas a
permissão para adaptar carros. Era um Projeto autorizativo e nós viemos aqui,
fizemos a defesa e partilhamos a derrubada do Veto. E quero dizer também que em
relação à prática, não é o Governo Municipal que governa por Medidas
Provisórias, desrespeitando o Legislativo, Ver. João Dib.
Nós
sabemos, neste País, quem é o “imperador”, que desrespeita a Casa Legislativa
máxima que nós temos, que é o Congresso Nacional, e que governa por Medidas
Provisórias temas fundamentais para a sociedade brasileira. Isso, aqui, em
Porto Alegre, não acontece. O Prefeito Raul Pont governa com o Orçamento
Participativo, que tem sido um exemplo internacional de democratização da
Cidade, da gestão pública. Isso não se contrapõe, como eu tenho dito,
sistematicamente, nesta Casa, com o nosso papel de legisladores.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Nobre Vera. Helena Bonumá, eu, na verdade, não discuti esse
Projeto, apenas o acompanhei. Agora, quando V. Exa. fala em Medidas
Provisórias, elas estão na Constituição, e eu diria que o Congresso Nacional
tem culpa. Agora, no caso do Município, o Executivo não cumpre a Lei Orgânica.
A SRA. HELENA BONUMÁ: Em relação ao trabalho conjunto dos
Vereadores desta Casa, o próprio Ver. Paulo Brum é exemplo dessa relação,
porque nós aprovamos um Projeto do Vereador, que foi o das peruas-radiotaxis,
em consonância com o Executivo, onde fizemos questão, no Executivo, de
ressaltar a importância do Projeto do Vereador, que é de uma Bancada de
oposição. Então, como Governo, nós temos dado demonstração de maturidade no
trabalho em relação a esta Casa. O grande problema desta Casa, na realidade,
não são os atos do Executivo e nem o Executivo em si, é o Orçamento
Participativo, e, aí, eu insisto: a Câmara de Vereadores tem que avançar nisso.
Nós continuamos numa atitude de negação, enquanto que deveríamos aprofundar a
nossa parcela, como Legislativo, na relação do processo que nós desenvolvemos
no Município, de democratização da gestão da Cidade. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra
para discutir o PLL nº 144/97 - Veto Total.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu não
ia falar, mas depois do pronunciamento do Ver. Jocelin Azambuja, eu me obriguei
a falar, porque o pronunciamento do Ver. Jocelin Azambuja, se não prejudicou,
acredito que não tenha ajudado o brilhante e equilibrado pronunciamento do Ver.
Paulo Brum, autor do Projeto.
Eu
entendo a preocupação do Ver. Paulo Brum, só que o Projeto apresenta alguns
problemas: em primeiro lugar, trata as religiões afro-brasileiras como se elas
tivessem uma unidade, um funcionamento centralizado, e essas religiões, esses
credos têm um funcionamento bastante descentralizado. Por isso, inclusive, há
opiniões diferentes e contraditórias sobre o Projeto de V. Exa., Ver. Brum.
Há,
ainda, uma outra questão, sobre a qual o Ver. Juarez Pinheiro me alertou: esse
Projeto pode gerar, na população, se não for bem esclarecido, um efeito
contrário. Havendo um local para os cultos afro-brasileiros, a população
passará a pressionar todos os agentes dessas religiões para que utilizem esse
local, cerceando, portanto, a liberdade.
Outro
problema, esse levantado pela Vera. Helena Bonumá: se o Município destina uma
área para as religiões afro-brasileiras, terá que, por isonomia, destinar uma
área para os evangélicos, para os católicos, a menos que a área destinada seja
ecumênica. Só que o problema do ecumenismo esbarra num problema cultural muito
sério que a humanidade não resolveu, e não vai ser por decreto que nós vamos
resolvê-lo.
A
segunda questão que eu queria abordar é uma resposta ao Ver. Jocelin, dizendo
que, absolutamente, não é verdade que só “os amigos do rei” tenham seus
Projetos sancionados, mesmo sobre a questão dos conselhos. Eu vou citar dois
exemplos: o Ver. Vieira da Cunha fez um Projeto reformulando todos os
conselhos, e o Governador, o companheiro Olívio Dutra, sancionou o Projeto; o
Ver. Mazzaropi fez um Projeto criando o Conselho Municipal de Esportes, e o
Prefeito sancionou o seu Projeto, que está, inclusive, em funcionamento.
Só nesta Sessão há três Projetos da nossa
Bancada, vetados pelo Prefeito, inclusive, mantivemos o Veto do Prefeito a um
Projeto do Ver. Gerson Almeida.
Então,
não é verdade essa acusação do Ver. Jocelin Azambuja, temos dados recentes e
históricos para provar. Tanto dados recentes como históricos comprovam o
contrário do que disse o Vereador que, se fosse mais cuidadoso, não diria desta
forma, porque desmerece o seu pronunciamento.
O
terceiro ponto que quero alertar é que, pessoalmente, tenho profundas
restrições aos Projetos de cunho autorizativo, porque, na verdade fazem parte
de uma artimanha para fazer disputa política, que deve ser feita, mas com
outros mecanismos existentes nesta Casa. E o grande prejuízo que esses Projetos
causam é que eles criam uma falsa expectativa de execução na comunidade. Como
já foi dito nesta Casa, o Prefeito faz se quer, mas, na verdade, quem os faz,
pensa apenas no interesse imediato de ter um instrumento nas mãos para fazer
disputa política, que, como já disse, deve ser feita nesta Casa, evidentemente,
mas com outros mecanismos.
O
problema que está acontecendo é que está vindo uma enxurrada de Projetos
autorizativos, e mesmo este instrumento de disputa política acaba não
funcionando, porque acaba vulgarizando o próprio instrumento. Então, nem como
disputa política serve.
Estou
falando em tese, Ver. Paulo Brum, não é nada em relação ao seu Projeto. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Com a palavra o Ver. Guilherme Barbosa.
Desiste. Com a palavra o Ver. Pedro Américo Leal para discutir o PLL nº 144/97
- Veto Total.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eis um
Projeto que me coloca em defensiva: não sei o que fazer, e tenho que me
decidir. Se estivesse vivo o meu querido amigo Moab Caldas, eu telefonaria para
ele e procuraria saber o que fazer, assim como ele muitas vezes fez comigo.
Consultei o nosso querido companheiro Pernambuco, que está presente a esta
Sessão, nas galerias, e ele não me deu argumentos para que aprovássemos o
Projeto. É preciso um templo, um templo vasto, um templo de campo, não um
templo edificado, porque ali confluem uma série de linhas religiosas. Se bem eu
sei, ali haverá o culto a Xangô, que está ligado a uma pedreira, às águas;
haverá o culto aos orixás de mata, enfim, é complexo. Não podemos decidir isso
de repente, apenas como se estivéssemos jogando dados e lançando a sorte.
Sou
franco, acho que é muito complicado, porque não vejo oportunidade para se
dedicar uma área - que área de Porto Alegre? Como será tratada essa área?
Quando há tantas solicitações para tantos orixás, tantos cultos, como vamos
proceder? E a sujeira que ficará por ali, quem irá limpar? A Prefeitura? Não
gosto do sacrifício de animais, não me agrada e isso me repele. Não sou adepto
dessa prática, por mais benefícios que possa causar à humanidade. Dizem que o
sacrifício é para o objetivo de que alguma pessoa humana se erga de uma doença
que possa ter e que, repentinamente, naquela prática, possa usufruir as
imantações que dali saiam. Mas não me agrada! Eu estou indeciso e coloco, na
tribuna, o que me vai dentro da alma. Aqui, na Câmara, nós temos que nos
posicionar repentinamente sobre coisas muito complexas. Eu tenho a impressão de
que devemos ter muito recato e muita coragem de confessar a nossa pouca
sapiência em torno dos problemas na tribuna.
O
que fazer? Essa é a pergunta. Daqui a pouco, haverá a votação e o Veto será
aceito ou rejeitado, mas e a nossa posição? É exigir demais de nós. Se tivesse
o meu querido amigo Moab Caldas, que sempre me acompanhava, eu teria muito mais
tranqüilidade em me instruir para este voto. Peço até que ele me inspire na
tomada de posição, confesso que vou descer da tribuna não sabendo o que fazer.
Não sei como vou votar. Era isso, Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para discutir o PLL nº 144/97 - Veto Total.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. O Ver.
Paulo Brum traz para debate um assunto de relevância, posto que estão inseridas
na nossa realidade, na nossa cultura e nas nossas crenças as religiões
afro-brasileiras. O Projeto é autorizativo. Eu renovo toda a minha discussão,
todo o meu entendimento aos Projetos Autorizativos. Insisto em que os Projetos
Autorizativos não carregam a força cogente, capaz de fazer com que o Executivo
cumpra a referida decisão, o que nele se contém. Então, afigura-me que o
Executivo enfrenta mal essa questão dos Projetos Autorizativos. Eu não sei se
através das minhas falas, talvez até o Executivo mude de estratégia, porque
Projetos Autorizativos cumpre se assim entender. Poderia vetar, poderia sancionar
e não cumprir. Valeria como recomendação ao Executivo, se assim entendesse, de
aplicar a referida matéria.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa permite um aparte? (Assentimento
do orador.) V. Exa que é um jurista, que já foi presidente por várias vezes da
Comissão de Constituição e Justiça, por que não faz algumas sugestões para que
os Projetos Autorizativos não tenham a possibilidade de veto justificado? São
sugestões, vão bater no Executivo e lá dormitam, se o Prefeito assim o desejar.
Não são restituídos à Câmara com o veto de rejeição. Quer dizer, o Prefeito, na
verdade, recebe o Projeto Autorizativo e não tem a obrigação de dar alguma
satisfação à Câmara.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Eu acho que é uma sugestão que deverá
ser objeto de alguns debates e algumas sugestões no seio da Comissão de
Constituição e Justiça.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Diante da interpelação que recebi do Ver. José Valdir, tenho a
dizer que eu confio nos Prefeitos, porque acho que o homem que é eleito como
Presidente do Executivo merece todo o respeito. E se ele não tiver consideração
comigo, o que eu vou fazer?
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sou grato a V. Exa. Mas o Executivo, na
medida em que passa a vetar os Projetos, ele os valoriza juridicamente. Esse é
meu entendimento. Tenho opinião contrária e acho que o Executivo deveria, se
entender, sancionar, que sancione. Se entender de adotar como política sua, que
adote. É uma sugestão, porque não tem força de lei. Entendo também que não cabe,
através de sanção, o convalescimento da matéria. Então, é uma matéria que vale
como sugestão. Ver. Paulo Brum, eu tenho acompanhado V. Exa., que é um homem
preocupado em dotar a Cidade de uma série de normas, no sentido de melhorar o
seu desenvolvimento, mas não vou acompanhá-lo neste Projeto. Parece-me que, ao
determinarmos o local, podemos estar até proibindo os demais locais.
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib inscreve-se e cede o seu
tempo ao Ver. Elói Guimarães, com a aquiescência dos demais inscritos. Antes de
ceder o tempo a V. Exa., Ver. Elói Guimarães, o Ver. Jocelin Azambuja
alertou-nos da presença, no Plenário, do ex-Presidente da Casa, Valdir Fraga. O
Ver. Elói Guimarães está com a palavra para continuar o seu pronunciamento.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Saúdo o ex-Vereador e ex-Deputado Valdir
Fraga, que foi Presidente da Casa, que nos honra com sua presença. Conforme
vinha expondo, o Projeto do Ver. Paulo Brum, carregado das melhores intenções,
no sentido de criar condições para a prática dos trabalhos nas religiões
afro-brasileiras, ele traz a sua contribuição, só que a minha análise passa
pelo entendimento de que nós também estaríamos abrindo um precedente que
poderia ser grave. A minha religião, Católica, outras religiões como a
Assembléia de Deus, os Evangélicos, poderiam, através de um Projeto de Lei,
pedir um espaço para fazerem as suas liturgias, para fazerem os seus atos
religiosos, e estaríamos criando situações difíceis para o Executivo.
Estaríamos tomando espaços da população, porque são espaços onde se deve
estabelecer a área para a prática dos referidos trabalhos. Vejam que seria uma
intervenção do poder público na crença, na religiosidade, que vem expressamente
vedada na Constituição, isso não significa que não somos favoráveis, eu gostaria
de dizer ao Ver. Pedro Américo Leal, que me antecedeu na tribuna, que eu não
tenho nenhuma objeção ao sacrifício que essas religiões fazem no que diz
respeito aos animais, isso são velhas culturas, tradições arraigadas no
desenvolvimento da civilização, e eu tenho respeito a isso. Agora o poder
público definir uma área para que ali se pratique os ofícios religiosos, as
liturgias, os sacrifícios, enfim, os trabalhos, parece-me que a Casa, do ponto
de vista da sua decisão política deve tirar, nesta tarde, um provimento, um
entendimento político, independentemente da questão da jurisdicidade, porque,
essa, já afirmamos, já colocamos.
No
campo jurídico o Projeto é executado, uma vez derrubado o Veto, se assim o Sr.
Prefeito entender. Volto a dizer que o Sr. Prefeito enfrenta mal essa questão,
no meu entendimento, porque ele deveria sancionar, mas, pelo seu entendimento,
não realiza, porque o Projeto assim faculta. O projeto autorizativo diz ao Sr.
Prefeito: “Faça, se entender; se não entender, não faça”. Esse é o sentido, o
conteúdo do Projeto autorizativo. Por isso, tenho dificuldades, mas me reservo
um espaço para entender de derrubar vetos também. Reservo-me esse espaço,
analisando objetivamente. No Projeto anterior, do Ver. Paulo Brum, embora um
Projeto autorizativo, eu me coloquei a seu lado, por achar que aquela matéria,
embora com alguma dificuldade, devia ter a aprovação da Casa. Com relação a
esse Projeto, eu tenho dificuldades, nesse sentido, com a vênia do meu grande
amigo, combativo, Ver. Paulo Brum, tenho certeza de que ele vai me dispensar do
voto favorável ao seu Projeto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para discutir o PLL nº 144/97 - Veto Total.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, leio na
Exposição de Motivos do Projeto de autoria do Ver. Paulo Brum, que “fica
autorizado o Poder Público Municipal a destinar local para celebração de cultos
afro-brasileiros. O local será definido pelo Poder Executivo Municipal, em
conjunto com todas as entidades representativas das religiões
afro-brasileiras”. Esse é o teor do Projeto de Lei.
De
outra parte, leio na Exposição de Motivos firmada pelo Ver. Paulo Brum e pelo
ilustre representante do PT, que nos deixou para outras funções, não menos
importantes, de Secretário de Estado, o Ver. Clovis Ilgenfritz, que também
assina o Projeto, que na Exposição de Motivos consta, nas razões que, “a
apresentação do presente Projeto autorizando o Poder Executivo Municipal a
destinar local para celebração de cultos afro-brasileiros, é porque há
necessidade de uma área onde os seguidores dessas religiões possam celebrar
seus cultos afro-brasileiros, macumbas, candomblés sem qualquer
constrangimento, contando com os elementos disponíveis da natureza: mata,
água.”
Tal solicitação foi realizada através de Pai
Marçal, vice-Presidente da Fundação Moab Caldas. Pai Marçal é uma figura
exponencial, como temos conhecimento, das religiões afro-brasileiras. Não temos
nenhuma dúvida sobre a sua condição e a sua respeitabilidade de Vice-Presidente
daquela Fundação. O senhor Marçal Fortes é figura largamente conhecida em
nossos meios; formado em filosofia, é uma das referências maiores, nos nossos
dias, em relação aos cultos afro-brasileiros. Mas o que se está a solicitar não
é destinação de patrimônio público, não é doação, é apenas a destinação de uma
área para que os adeptos desse culto possam, sem constrangimento, realizar seus
rituais. Nós estaremos cometendo um grande equívoco se não votarmos favoravelmente
à derrubada do Veto, porque não estamos doando nenhuma área, estamos apenas
destinando, dizendo, em comum acordo com a comunidade ligada às religiões
afro-brasileiras, que naquela região seria destinada a área para que eles, nos
seus dias sagrados, possam, tranqüilamente, realizar as suas práticas, os seus
cultos. Estamos fazendo isso em nome do princípio maior que se chama a
liberdade de culto. Isso é que justifica a aprovação desta Casa. Temos tido
aqui um comportamento, sempre, da defesa do mais amplo princípio da liberdade
religiosa, seja das religiões cristãs, onde a religião católica pontifica...
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel se inscreve e
cede o seu tempo ao Ver. Isaac Ainhorn, com a aquiescência do Ver. Guilherme
Barbosa.
O SR. ISAAC AINHORN: Vou trazer à colação uma doação que não
foi do Poder Público. Fui mediador para que lá no topo do morro Esperança se
implantasse o Santuário da Mãe de Deus, que era uma aspiração maior de alguém
que já nos deixou e que foi Arcebispo de Porto Alegre, Dom Cláudio Collin.
Aquela área era particular e foi doada pelas famílias Di Primio Beck e Marsiaj
de Oliveira para que, com recursos advindos da Alemanha, se construísse ali no
morro Esperança o Santuário da Mãe de Deus. Aliás, uma referência religiosa e
cultural da mais alta importância, hoje, na nossa Cidade. Quem não conhece,
mesmo não sendo católico, vale a pena ver o que foi erguido naquela área, no
topo de morro. Era proibido. A Administração Municipal petista embargou a obra.
Participei de uma comissão, a pedido de Dom Altamiro Rossato, para que
viabilizássemos uma negociação com o Poder Executivo no sentido de revogar o
embargo. Tivemos a sensibilidade do então Prefeito Tarso Genro que conseguiu
encontrar, junto com os técnicos da Prefeitura um denominador comum. Foi
sensível ao princípio da liberdade religiosa, ao buscar a possibilidade de
escoimar qualquer princípio que viesse ferir dispositivo legal de erguimento de
uma construção no topo de um morro, porque a legislação de preservação do meio
ambiente não permitia isso, e foi encontrada uma solução.
O
que, neste momento, o Vice-Presidente da Confederação das Religiões
Afro-Brasileiras está a reivindicar? Ele não está pedindo doação, está pedindo
apenas que o Poder Executivo fique autorizado a destinar uma área da orla, ou
de um morro, com florestas ou com águas ou com vertentes para que ali as
pessoas, sem constrangimento, possam acender suas velas, fazer suas orações,
suas prédicas, seus pedidos. Não é preciso construir absolutamente nada, até
facilita que outras áreas da Cidade não sejam destinadas para este fim. O
pedido do Pai Marçal foi no sentido de disciplinar, organizar as orações, os
pedidos e as oferendas para que não fiquem a esmo em várias partes da Cidade.
Este é o espírito do Projeto.
Nós,
aqui, derrubando o Veto, estaremos dando a faculdade de o Prefeito refletir
sobre isso e indicar o lugar, porque nós não estamos dizendo que será em tal ou
qual lugar, nós estamos dando apenas o jus
potestate, ou seja, a possibilidade de o Prefeito indicar a área. Fica
autorizado o Executivo Municipal a indicar uma área para a realização dos
cultos. Ela não tem, como disse com propriedade o Ver. Elói Guimarães, o
caráter cogente. Agora, vamos ser coerentes, porque nós já aprovamos, nesta Legislatura,
dezenas de Projetos Autorizativos e derrubamos Vetos a Projetos Autorizativos.
E por que não derrubar o Veto a Projeto Autorizativo? É algo de ranço em
relação a uma religião popular? Não acredito, porque esta Casa tem uma
identificação com as vertentes populares da sociedade porto-alegrense. Ela é a
expressão do conjunto da sociedade porto-alegrense.
Há
alguns dias prestigiamos e homenageamos uma figura extraordinária - não pensa
como nós é verdade - e estivemos aqui reconhecendo a legitimidade da indicação
de Jorge Johannpeter como Cidadão de Porto Alegre. Hoje, nós estamos aqui
apelando por uma vertente - é bem verdade de natureza mais popular - do
Candomblé, da Umbanda, das diversas linhas da religião afro-brasileira. Essa
que tem as suas raízes no africanismo e nas raízes da escravidão, deste triste
episódio que aconteceu, que trouxe os negros para cá e a implantação desses
cultos de natureza afro-brasileira. Portanto, Sr. Presidente manifesto-me
favoravelmente pela derrubada do Veto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Nereu D’Ávila): Encerrada a discussão. Em votação o PLL
nº 144/97 - Veto Total. O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a palavra, para
encaminhar.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não
pretendia fazer encaminhamento da matéria, mas dois motivos me fizeram decidir
ocupar a tribuna apenas no encaminhamento. O primeiro deles é que desde o
início da discussão sobre o Veto desta matéria nós havíamos recebido um
primeiro documento e, aos amigos que nos procuraram, no gabinete, com este
documento, nós dissemos que tínhamos respeito pelas entidades e, portanto, se
as entidades se colocavam contrárias ao Projeto do Vereador Brum, nós
respeitaríamos e votaríamos pela derrubada do Projeto e de acordo com a
recepção do Veto. Havíamos colocado isso ao Ver. Paulo Brum. Na evolução dos
fatos, nós percebemos, no entanto, que a coisa não era bem assim. Em segundo
lugar, houve um segundo documento firmado por outras entidades e, na verdade, o
que se viu foi que aquela posição contrária ao Projeto do Ver. Brum, na verdade
é uma posição que está partidarizada, são pessoas já ligadas à Administração
Petista, inclusive funcionário de dentro da Secretaria Municipal de Cultura,
que foi quem deu a orientação do parecer para que o Prefeito assinasse o Veto.
Aí fica complicado, aí é de novo cooptação de movimento popular, inclusive em
segmento religioso, o que é muito lamentável. Esta é a minha primeira questão.
A
segunda questão, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é que eu acho que esta Casa,
se derrubar o Veto, por ser um Projeto Autorizativo, vai ter a possibilidade
inclusive, até em cima da eventual divisão que exista eventualmente nesse
segmento todo, quem sabe lá, de colaborar para buscar a convivência, a confluência,
porque serão necessárias algumas reuniões, terá que haver um conjunto de
debates, terá que ser trazido todo esse conjunto de entidades para discutir e
se chegar ao encaminhamento final sobre a definição de lugar, de como vai se
fazer isto.
Em
terceiro lugar eu acho que o caráter autorizativo do Projeto sobretudo, Ver.
Pedro Américo Leal, se aceitarmos o veto, morreu e, se derrubarmos o veto, como
o Projeto é autorizativo, o Prefeito não está obrigado a praticá-lo, fará se o
quiser e, portanto, nós teremos oportunizada desde logo a possibilidade de um
debate ali mais adiante, pressupondo-se que, afinal, o PT não vai se eternizar
na Prefeitura, e que, portanto, numa próxima eleição, um outro Prefeito vai
ter, quem sabe lá, a boa vontade de puxar todos os segmentos, colocados numa
roda, numa conferência, para discutir e chegar a alternativa.
Por
fim, eu queria, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, refutar aqui a Vereadora
Helena Bonumá que, infelizmente, mistura alhos com bugalhos. Já que ela trouxe
a questão das Medidas Provisórias, eu gostaria de registrar que o Prefeito Raul
Pont certamente não governa com Medidas Provisórias porque elas não estão
previstas na Lei Orgânica. Agora, o que faz, a manipulação que utiliza no
Orçamento Participativo contra esta Casa é exatamente o mesmo nível de
manipulação que eventualmente ela quer acusar o Governo Federal, em relação ao
Congresso, com a Medida Provisória. Orçamento Participativo manipulado, hoje,
pelo Governo Municipal contra esta Casa é sim a Medida Provisória petista no
Município de Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra, para encaminhar a votação do PLL nº 144/97 - Veto Total, pela Bancada
do PT.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, já
está-se tornando uma certa prática de alguns Vereadores de oposição, dizer que,
quando há lideranças populares, de algum segmento que tenha posição semelhante
à do Executivo, essas lideranças são cooptadas pela Administração Municipal.
Por outro lado, quando vem o Idenir Cechin, duas vezes candidato a deputado,
pelo PMDB, e usa a tribuna, foi dito que ele era uma pessoa independente. E nós
não fizemos nenhuma acusação a ele, mesmo sabendo disso, porque ele é uma
liderança da Zona Norte. Mas temos que parar com isso e ir no mérito e não
ofender as lideranças. Quem é que não sabe que o “Pernambuco” é uma liderança
nesse segmento, como pode ser ofendido que ele é um homem cooptado pela
Administração!? Creio que temos que deixar isso de lado. Outra liderança
comunitária foi aqui tremendamente agredida, creio que temos que ir ao mérito
da discussão, porque há uma divisão no movimento das pessoas que são lideranças
da cultura afro-brasileira, isso é um fato. Alguns acham que deve ter local,
outros acham que não. A partir daí temos que decidir.
Eu
não sou uma pessoa que atua nesse campo, fico com a posição que eu e a minha
Bancada temos: Projeto Autorizativo é, na verdade, um Pedido de Providências, e
eu me recuso a fazer de conta que estamos legislando, se é para ter uma lei ou
uma pretensa lei que o Prefeito faz se quiser, e isso é fazer de conta que está
legislando. O Prefeito já teve a oportunidade de opinar, através do Veto, disse
que não quer fazer, portanto, para que derrubar o Veto se ele já disse que não
vai fazer? Isso é fazer de conta que se está fazendo lei .
Em
segundo lugar há outro aspecto que para mim é relevante, vamos ter então que
prever locais, embora talvez não haja nenhuma construção, nenhuma edificação,
mas precisaria algum investimento do Executivo para preparar o local.
Precisaríamos de um local para a Igreja Católica, para a Igreja Protestante, e
assim por diante, para todas, preparar um local para isso. Eu penso que isso
não é papel do Executivo Municipal e nem de outro Executivo.
Portanto,
fica esse aspecto que para nós é absolutamente relevante.
Acho
que esse é o mérito que temos que debater e não ficar querendo criar clima
novamente acusando lideranças e nem querendo criar uma contraposição entre o
Executivo e o Legislativo. Hoje mesmo, nesta Sessão, comuniquei ao Sr.
Presidente, que o Prefeito Municipal estava propondo uma data para se reunir
com os Vereadores sobre a questão da Zona Norte, das obras da Av. Assis Brasil;
já houve uma reunião com no Prefeito em exercício José Fortunati. Agora o
Prefeito Raul Pont propõe uma data para a reunião. Qual é a agressão
exatamente? Não tem! Cada um tem sua posição. Tem sua visão. Agora, há um
esforço permanente de relação com esta Casa. Vamos, de fato, discutir o mérito.
A nossa Bancada, em cima dessas razões, votará pela derrubada do Projeto e pela
aceitação do Veto. Mas sabendo e dizendo para todos que sabem disso, e o
próprio Ver. Paulo Brum, da nossa excelente relação de Bancada com o Ver. Paulo
Brum e do próprio Executivo. Nós próprios há alguns dias derrubamos, de acordo
com o Executivo Municipal, um outro Veto do Prefeito. Portanto, é um Vereador
ao qual nós temos todo o carinho e respeito, mas é uma posição diferente neste
Projeto. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PREDIDENTE: Em votação nominal o PLL nº 144/97 - Veto
Total. (Após a chamada.) REJEITADO
por 13 votos SIM, 17 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO, mantido o Veto.
Em
votação nominal a prorrogação da Sessão. (Após a apuração nominal.) REJEITADA, por 7 votos SIM, 11 votos NÃO, a prorrogação da Sessão.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h06min.)
* * * * *